Por Por Rodrigo Castilho, médico da Santa Casa
Nas últimas décadas, diante do progresso da Medicina e da possibilidade de curar doenças que antes seriam terminais, os médicos têm focado muito mais nas doenças, negligenciando o doente e sua biografia. Os cuidados paliativos têm a missão de restaurar a humanização no atendimento, cuidando de pessoas, não somente de doenças. Ao contrário do que muitos acreditam, o cuidado paliativo não está associado a algum tratamento de segunda linha ou alguma "gambiarra".
Nem está indicado somente diante de doença incurável ou terminal. Paliativo tem origem do termo latim Palium, manto que os guerreiros usavam para se proteger das intempéries. Portanto, é uma abordagem que protege paciente e familiares, promovendo qualidade de vida, diante de uma doença ameaçadora à vida, através do controle de dor e demais sintomas físicos, psíquicos, espirituais e sócio-familiares.
Cuidado paliativo é comprovadamente eficaz no aumento na sobrevida de pacientes com câncer, devendo ser iniciado desde o diagnóstico. Pacientes com quaisquer outros diagnósticos que ameacem a vida, também têm indicação de receberem cuidados paliativos o mais cedo possível.
Dentre os princípios dos cuidados paliativos estão o controle de sintomas; a valorização da vida e percepção da morte como processo natural; a não postergação obstinada e sofrida do processo de morrer, contrária à vontade do paciente, quando a morte é inevitável, nem a abreviação da vida; o auxílio para que o paciente viva o mais ativamente possível; o acolhimento aos entes queridos durante todo processo de adoecimento, inclusive na fase de luto. Muitos profissionais, diante de pacientes com doenças avançadas e terminais, dizem que não há mais nada a ser feito. Este é um momento importante em que a equipe multidisciplinar dos cuidados paliativos salvam o paciente e seus familiares do abandono, do sofrimento e da insegurança.
Dia 13 de outubro é o Dia Internacional de Cuidados Paliativos e o tema deste ano é "Porque eu Importo". Traz a mensagem que independente da fase de vida que o paciente esteja passando, ele segue necessitando ser ouvido, ser respeitado, ser valorizado... ser protegido.