Por Eduardo Jablonski, professor
Por esses dias, aconteceu um fato diferente que surpreendeu um senhor que entrou na minha sala de aula de uma turma de 1º ano de Ensino Médio em uma cidade do Interior. Ele expôs aos alunos o projeto da sua empresa que oferece aulas online sobre todas as matérias que caem no Enem, com dicas, resumos, aulas de vídeo e ajuda de professores 24 horas por dia conectados, mas ele se espantou porque ninguém quis. Aí, o senhor perguntou: "Ninguém está pensando em se preparar para o futuro? Ninguém está querendo conseguir uma faculdade de graça pelo ProUni?". Os alunos não responderam e, quando o senhor deixou a sala, começaram a rir.
Cinco anos atrás, quando eu dava aula somente no meio universitário, acharia absurdo o que aconteceu, pois me parece óbvio que uma pessoa inteligente deveria se programar para o futuro, se preparar para o Enem ou para um vestibular importante como o da UFRGS. Agora que tenho cinco anos também como professor de Ensino Médio, consigo mais ou menos entender o que passa na cabecinha dos adolescentes.
Primeiro, eles detestam a escola e acham que o estudo não serve para nada (salvo raríssimas exceções. Estou falando da grande maioria). É improvável que um aluno se organizasse para estudar ao longo do primeiro, segundo e terceiro ano do Ensino Médio para fazer o Enem ou o vestibular da UFRGS. Isso nem passa pela cabeça deles. Os jovenzinhos vivem o agora, curtem os videozinhos para dar risinhos, as azarações, as competições esportivas da escola.
No primeiro ano do Ensino Médio, 70% até fazem o que o professor pede e dão atenção à aula. No segundo ano, essa realidade cai para uns 50% ou 40%; no terceiro, para 10%, se tanto. Deveria ser o contrário. Quando nos aproximamos do Enem ou do vestibular da UFRGS, deveríamos nos dedicar, mas isso não acontece. Os formandos do Ensino Médio são os piores. Alguns só se lembram de estudar uma semana antes das provas ou talvez nem isso.