Na data máxima dos gaúchos, é importante que os rio-grandenses façam uma reflexão sobre a necessidade de canalizarem o orgulho de terem nascido no Estado e o passado de união em torno de ideais em comum para construir o futuro. Num ano eleitoral, esse espírito de mobilização, que esteve sempre associado à construção do Estado, precisa ser usado acima de tudo para a elaboração de uma agenda mínima comum. É cada vez mais evidente que o modelo adotado pelo Rio Grande do Sul até agora propiciou grandes avanços, sobretudo em algumas áreas de atividade econômica, como o agronegócio. O setor público, porém, faliu e ficou para trás, exigindo a atenção de líderes.
Não dá mais para esperar que uma máquina administrativa exaurida pelo descompasso entre receita e despesa como a do Estado venha a se ajustar a essa nova realidade. Quem estiver no comando do governo gaúcho a partir de janeiro precisará enfrentar um déficit de R$ 7,4 bilhões previsto para 2019. Além disso, enfrentará um quadro de servidores no qual o total de inativos supera o de quem está em atividade. A imensa maioria tem regime de paridade salarial com os que se encontram no exercício de suas funções. Em consequência, fica difícil, senão impossível, reforçar os quadros em áreas essenciais para melhorar o atendimento. E o déficit previdenciário só deverá cair quando medidas aprovadas anteriormente, como um fundo de capitalização e um sistema de complementação, começarem a surtir efeito.
Por mais que os candidatos ao Piratini procurem demonstrar otimismo, até mesmo para não passarem a ideia de derrotismo, a realidade pode se tornar ainda mais adversa. Até hoje, o Estado não conseguiu viabilizar o regime de recuperação fiscal com o governo federal. Os desembolsos da dívida, suspensos por decisão judicial em caráter liminar, podem ser retomados a qualquer momento, o que vai afetar ainda mais os já combalidos cofres públicos.
É urgente a necessidade de o Estado ser reformado para retomar seu poder de impulsionador do desenvolvimento, deixando de se constituir numa âncora que trava o deslocamento para o futuro. O dia 20 de Setembro é uma data propícia para os gaúchos darem início a ações favoráveis a esse resgate, que depende de uma retomada da capacidade de o Estado voltar a investir pelo menos no que é de sua competência.