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Independentemente do resultado das eleições, há uma certeza na reta final da campanha: temos uma Constituição e a vontade dos eleitores tem que ser respeitada. Esses dois pressupostos devem ser o norte da vontade e das expectativas da população e das instituições brasileiras. A obediência aos limites da lei e o acolhimento da escolha democrática que emergirá das urnas precisam ocupar o lugar hoje invadido pela disputa, pelo radicalismo e pelo ódio. Passada a campanha eleitoral, será hora de se acatar o resultado anunciado pela Justiça e unir esforços para a construção de um futuro melhor para a Nação.
Diante das eleições, como sintetizou o ministro Luís Roberto Barroso, do Supremo Tribunal Federal (STF), é preciso renovar os compromissos democráticos. E há duas regras a serem obedecidas. Uma delas é: quem ganha, leva, A outra: quem leva, respeita as regras do jogo. E elas são claras. O próprio presidente do Supremo, ministro Dias Toffoli, foi enfático, ao afirmar que "qualquer que seja o resultado, será respeitado", inclusive pelos militares. A garantia foi antecedida por outra, do próprio ministro da Defesa, general Joaquim Silva e Luna, para quem, depois de apurado o resultado, o papel das Forças Armadas será o de garantir o funcionamento das instituições dentro da normalidade.
Em princípio, todas essas manifestações seriam dispensáveis num país que dispõe de uma Constituição democrática e no qual as instituições funcionam plenamente, cada uma delas zelando para cumprir rigorosamente com o seu papel. Em três décadas de democracia, o país passou por constantes sobressaltos, nenhum deles envolvendo militares. Ainda assim, episódios como as manifestações de rua em 2013, a disputa presidencial acirrada um ano depois, a crise que culminou no impeachment em 2016, a prisão de um ex-presidente da República e as denúncias envolvendo o governo que está chegando ao fim contribuíram para levar a campanha atual a uma polarização sem precedentes. É inevitável que o resultado, seja qual for, acabe dividindo os brasileiros.
Quem assegurar mais votos nas eleições presidenciais precisa estar preparado para unir o país, convocando todos os brasileiros a enfrentar de vez a crise na sua origem. Revigorar a democracia e a atividade econômica são necessidades emergenciais, para as quais o voto de cada eleitor terá papel relevante.