A campanha eleitoral apresenta uma estranha disputa paralela entre notícias e desmentidos. Máquinas de desinformação foram incorporadas às estratégias dos candidatos e de indivíduos protegidos pelo anonimato. São vídeos, imagens e áudios produzidos com a única intenção de confundir. A técnica não é nova, mas a capacidade de repercussão e abrangência proporcionada pelas redes sociais acrescentou grande potencial de dano à democracia. Falta uma estrutura adequada para identificar as manipulações, o que levou a mídia a intensificar seus mecanismos de checagem nesse período que antecede as eleições de outubro.
Notícias falsas tendem a confundir eleitores, sob a omissão ou incompetência dos grandes jogadores digitais, como Facebook, Google e Twitter. O fenômeno não é uma preocupação apenas do Brasil. A desinformação assumiu proporções preocupantes nas eleições mais recentes em países como Estados Unidos, Reino Unido, França, Alemanha e México. A ênfase a rumores, conteúdo enganoso e táticas de manipulação reforça a importância das fontes com credibilidade. Mecanismos de checagem de veículos de mídia comprometidos com a transparência das informações veiculadas vêm dando uma contribuição relevante nessa guerra. GaúchaZH associou-se a esse esforço através do projeto colaborativo Comprova, cujo objetivo é justamente combater a disseminação de notícias falsas na campanha de 2018. Intensificou também o projeto É isso mesmo?, criado em 2014, que ganhou o reforço de repórteres do Grupo de Investigação da RBS (GDI).
Um aspecto relevante nessa causa é que até mesmo escolas começam a orientar seus alunos a discernir informação verdadeira e a rechaçar notícias falsas. Faltam ainda esforços coordenados para atualizar os educadores, permitindo que possam lidar com as ferramentas adequadas. A relação com as novas tecnologias ganhou tanta ênfase que foi incluída como uma das competências gerais da Base Nacional Comum Curricular, cujo objetivo é nortear os currículos de todo o país.
A iniciativa é bem-vinda, pois essa é uma área em que o rigor da lei tem efeitos limitados e até mesmo arriscados sob o ponto de vista da liberdade de expressão. O melhor antídoto para as fake news, que tendem a induzir escolhas erradas e até mesmo a ameaçar a democracia, é a valorização do jornalismo profissional, associada com a educação.