Por Fábio Bernardi, sócio-diretor de criação da Morya
O mercado de trabalho está mudando rapidamente. Quando falamos disso, logo vem à mente a substituição de tarefas humanas por máquinas ou robôs. É certo que essa será a tônica dos próximos anos, especialmente em trabalhos mais automatizados e repetitivos. Mas há, também, uma outra mudança em curso: o crescimento do mercado de freelancers no Brasil e no mundo, que tem crescido muito nos últimos anos e, com a reforma trabalhista e a economia incerta, tende a se expandir ainda mais daqui para frente.
Há um fator a aproximar o avanço dos robôs e o crescimento dos freelancers: sobreviverão os que possuem habilidades criativas, intelectuais, que não podem simplesmente serem robotizadas pela uniformização. As máquinas jamais substituirão quem faz conexões diferentes, quem tem espírito e pensamento inovador, que se prepara e se adapta às mudanças do mundo. Só que este perfil também será, cada vez mais, daqueles que não serão mais reféns de um local de trabalho insosso, rígido e que tende a tratar a todos de forma subordinada e, até, militarizada, com horários rígidos, punições bobas e ordem unida.
Não faz muito tempo que o trabalho remoto era considerado uma condição rara para um funcionário ou terceirizado. Mas esta não é mais a situação e nem sequer o senso comum. Uma quantidade significativa de trabalhadores nos Estados Unidos (37% em algumas pesquisas ou estimativas), por exemplo, executam suas tarefas de outro lugar que não o seu escritório profissional, formal, ao lado de seus colegas.
As razões para esta mudança e crescimento exponencial da atividade estão, quase todas, ligadas a aspectos pessoais. Flexibilidade. Liberdade. Engajamento. Respeito. Potencial de ganho. Equilíbrio entre vida profissional e pessoal. Qualidade de vida. Espaço para que flua sua criatividade. Estes são apenas alguns dos fatores que influenciaram o crescimento constante de freelancers no mundo.
Segundo a Edelman Intelligence, hoje, mais de 55 milhões de pessoas nos Estados Unidos se identificam como freelancers. É um mercado do tamanho da Apple, com potencial de ganho de US$ 1 trilhão. Representando todos os tipos de profissão, como designers, profissionais de marketing, analistas e escritores, o número de pessoas trabalhando de forma remota aumentou três vezes mais rápido que a força de trabalho inteira dos Estados Unidos desde 2017. Até 2027, é previsto que mais pessoas trabalharão como freelancers do que em qualquer outra categoria americana de emprego.
O que isso nos ensina para o futuro é simples: será mais importante ter a cabeça do que a bunda no lugar certo.