Há poucos dias, a amiga Nathalie Trutmann, da Hyper Island, voltou da China impressionadíssima com o que viu: o foco, a capacidade de execução dos chineses na busca de mais eficiência e a firme determinação de voltarem a ser o que já foram: a primeira economia do mundo. Até 2030, querem ser líderes mundiais em tecnologia de ponta, ultrafocados em inteligência artificial. Só em Pequim, estão investindo US$ 2,1 bilhões em IA.
A China está aproveitando a janela de oportunidades criada por Donald Trump, que, ao sair de vários acordos internacionais, impor pesadas regras contra imigrantes, entre outras trapalhadas, está deixando os EUA isolados. Contrataram os maiores especialistas dos EUA para traçarem sua estratégia de desenvolvimento, atraíram as principais universidades do mundo e fortaleceram as suas universidades, presentes em 10 mil empresas e 400 incubadoras, que investem até US$ 1 milhão em startups a fundo perdido. A China agiu com rapidez para acabar com o analfabetismo e a diminuição da poluição do ar. Recebem muito bem quem quer investir. Com humildade, cuidam de detalhes como receber o investidor falando português ou ter aplicativos para tradução em inglês nos táxis.
O governo tem forçado as empresas a se globalizarem, comprando em setores estratégicos. Já são líderes mundiais em fintechs e e-commerce, são donos de 20% das farmacêuticas dos EUA, do Club Med, do Cirque du Soleil, entre tantas coisas. É o país com maior quantidade de unicórnios (startups que valem US$ 1 bilhão ou mais). Construiu 20 mil quilômetros de ferrovias para o trem bala em sete anos. Os chineses já pagam suas contas de água, luz, tudo, pelo WeChat (WhatsApp deles), só para citar algumas referências. Para conseguirem tudo isso, trabalham das 9h às 21h, seis dias por semana.
Enquanto brasileiros saem do país, os chineses chegam. Parece que eles acreditam mais no futuro do Brasil do que nós mesmos. Mais de 30 mil vistos de permanência no Brasil foram emitidos para chineses nos últimos 10 anos. E continuam a aumentar. São engenheiros e executivos que chegam para administrar os investimentos de mais de US$ 100 bilhões feitos no Brasil em mineração, petróleo e gás, carros e motos, infraestrutura, componentes eletrônicos, energia, agricultura, finanças, hotelaria. Já são donos da 99Taxis, ma qual a Didi – empresa de compartilhamento de carros, IA e tecnologia autônoma – investiu US$ 1 bilhão. O Wecash, empréstimos por aplicativo, já fez mais de um milhão de empréstimos.
O conceito de liberdade deles é que é diferente do nosso: se tudo funciona e a vida melhora, o resto fica em segundo plano. Só se queixam da velocidade das mudanças. O Dragão acordou. E tem um olho esticado para o Brasil. Uma concorrência real que se aproxima.