Diante de um ambiente onde ninguém mais se sente representado, de certa depressão pela falta de perspectivas, surge uma luz que pode nos levar a dias melhores: a Aliança pela Inovação, que se formou entre nossas três principais universidades – UFRGS, PUCRS e Unisinos –, prefeitura de Porto Alegre e comunidade de empreendedores, coordenados pelo espanhol Josep Piqué, especialista em criar ambientes inovadores. Vivemos a era da economia do talento, o que a Capital e o RS sempre geraram. Mas perdemos gente que poderia transformar nossa sociedade. Para reter talentos é preciso somar capacidades, reinventar a utopia gaúcha, buscar nas raízes a força para voltar a empreender. Temos uma cultura original e uma identidade clara que têm muito valor. Mas achamos que a disputa é um valor maior e que acabar com o concorrente é bacana.
Não recebemos bem a crítica e não mexemos nas nossas verdades. As poucas mudanças que fazemos são cosméticas. Precisamos juntar o que nos une. Piqué sugere um comprometimento coletivo para dinamizar a inovação. Mais união e menos desavenças. Desenvolver aqui um bom lugar para viver, trabalhar e desenvolver talentos. Sem isso, as cidades desaparecem. Como aconteceu em Detroit e como acontece em Arvorezinha, no interior gaúcho, onde, em uma escola pública de 32 alunos, apenas dois querem ficar lá. Nosso problema não é de capacidade, mas de compreensão do que ocorre no mundo. Tecnologia e talento precisam andar de mãos dadas. Não há mais opção para sermos apenas locais e atuar isoladamente. As universidades (conhecimento), os governos (regulação que permita a inovação) e a iniciativa de cada um (especialmente startups), com uma liderança compartilhada, podem impulsionar o avanço, com clareza de papéis, foco e muita troca de informação.
Precisamos fazer escolhas. Estimular áreas onde somos bons e ocupar espaço no mundo, abandonando setores nos quais não somos competitivos. Gerar uma cultura do crescimento, valorizando talentos que já temos e nos inserindo em redes globais. É normal que pessoas saiam para se aprimorar, mas é inaceitável que saiam porque a cidade onde vivem não permite maximizar a vida e não oferece espaço para crescer. Para criarmos cidades inclusivas é necessário ouvir os inquietos, dar espaço aos artistas e empreendedores, que são os que realmente inovam. Podemos começar criando ilhas de inovação para depois expandir. A palavra-chave do século é EMPREENDEDORES! E desobstruir caminhos e dar respostas rápidas a eles é fundamental. Temos muito trabalho pela frente!