Por Rubens Menin, presidente do Conselho de Administração da MRV Engenharia
Participei de um curso na Singularity University em maio de 2018, organização acadêmica do Vale do Silício (EUA). Já acompanhava o desempenho dessa instituição, interessado no experimento educacional do Raymond Kurzweil, Diretor de Engenharia da Google. A experiência conseguiu superar minhas expectativas. Não apenas pelos conceitos do avanço exponencial da tecnologia, mas também pelo impacto que isso vem produzindo na vida das pessoas e nas empresas. Além disso, tive a alegria de descobrir os fundamentos acadêmicos em muitas das práticas adotadas intuitivamente pela nossa empresa.
A mudança do ambiente de negócios e das necessidades de reposicionamento empresarial está exigindo novos métodos de gestão. As empresas eram vistas quase que exclusivamente por sua capacidade de gerar empregos, de produzir resultados e de entregar produtos e serviços com boa aceitação. Isso já se tornou ultrapassado. Os clientes não admitem mais adquirir produtos e serviços de qualquer empresa. O que esperam hoje é um compromisso mais amplo, incluindo uma inserção responsável na própria sociedade com quem ela se relaciona.
Robert E. Freeman já havia criado, desde 1984, o conceito de stakeholders. A designação abrange todos os públicos envolvidos nas atividades e considera essa multiplicidade de interesses como a base da gestão empresarial moderna. Mas se esses conceitos já existiam, onde está a revolução contida nos ensinamentos da Singularity University?
No “propósito”. Isso é a essência daquilo que a torna exclusiva e indispensável. É o conjunto de características operacionais que lhe garantem a existência sustentável e que fazem com que todos os seus públicos corram em sua defesa. Joseph A. Reiman, influente publicitário, definiu “propósito” como um modo único de atuação por meio do qual uma marca fará a diferença no mundo. Ou seja, além de atender os interesses de todos os seus stakeholders, a empresa terá que ser um instrumento de transformação, contribuindo com a humanidade.
Voltei dessa experiência com a convicção fortalecida de que as empresas que não tiverem um “propósito” não sobreviverão. Aquelas que se constituírem a partir de um “propósito” válido poderão se materializar como instrumento de transformação. Esta é uma conceituação preciosa.