Por Sinvaldo Conceição Neves, professor de Direito, advogado
O prognóstico dos dias vindouros é um desafio e uma missão quase impossível, visto que fatos e protagonistas não se repetem, porém, a história cíclica e a ideologia por trás dos fatos tendem a se repetir.
Basta lançar um olhar sobre a história da humanidade e percebe-se que em momentos de dificuldades coletivas tende-se a buscar uma espécie de "salvador da pátria", ainda que isso traga grandes riscos à estabilidade estatal como aconteceu na França com a ascensão de Napoleão, cujo regime elitizado e dominado por militares deslanchou no avanço econômico, resultando milhares de mortes. Da mesma forma, o holocausto e ascensão de Hitler. O "salvador da pátria" cumpriu com a promessa e grandes avanços econômicos ocorreram naquela época com um auge financeiro.
Porém, milhões pagaram para que a sociedade prosperasse, e a minoria não teve força. "Oportunistas" se aproveitam do desconhecimento do povo e do sistema que os mantem, usando a corrupção como bandeira e se aproveitam da vulnerabilidade diante de crises institucionais e econômicas, e o resultado é o retrocesso, pago com vidas, pois, para cumprir com a promessa de acabar com a corrupção, teria que acabar com o povo corrupto, já que a corrupção é endêmica e não de um partido.
No entanto, quem seria execrado e punido pelo sistema de limpeza moral? O empresário de sucesso, o parente de político ou magistrado?
Portanto, se a sua bandeira é o combate à corrupção, mude de atitude antes de levantar uma bandeira que não é sua e que colocam em sua mão e na sua cabeça sem que você perceba ou autorize. A melhor solução? Mudança de postura com relação à valorização da coisa pública como sendo de interesse e zelo individual. A coisa pública é minha, sua, nossa, e não só de quem assume a responsabilidade de cuidar do nosso patrimônio econômico, financeiro, cultural, social e que tem a obrigação de prestar contas para nós.
Portanto, manifeste, cobre, proteste e use a arma democrática que é o seu, o meu, o nosso voto e não reeleja quem já mantém esse sistema corrompido e promete salvar o Brasil da corrupção, porém, a que custo?