Por Daiçon Maciel da Silva, prefeito de Santo Antônio da Patrulha
Te vira, prefeito! Foi esse o recado que nós, prefeitos de municípios que abrigam praças de pedágio da Triunfo Concepa, entendemos vir do DNIT (Departamento Nacional de Infraestrutura de Transporte). Sem aviso prévio, passamos a ser responsáveis pelo socorro de milhares de pessoas que utilizam as rodovias, que ficaram abandonadas com o encerramento das atividades da empresa, no dia 03 de julho.
Estamos preocupados, pois, mal damos conta de atender a nossa população, no meu caso, de 42 mil habitantes, quem dirá de milhares de usuários de uma autoestrada federal. Num trecho de 38 km aproximadamente, todos os dias vemos caminhões tombados. Animais na pista e restos de pneus não víamos, pois, a concessionária cuidava e fazia o recolhimento diário de tudo que estivesse no local, oferecendo risco de acidentes. Como será daqui pra frente?
Dos 400 desempregados deste desfecho, certamente a metade é morador de Santo Antônio da Patrulha. Essas pessoas, além de enfrentarem o drama da falta de trabalho, também deixarão de consumir, o que é ruim para a economia de um modo geral.
Mas o susto não para por aí. A prefeitura, que luta com todas as suas forças para incrementar sua receita, deixará de arrecadar milhões com esta situação. No ano de 2016 a arrecadação do município com a Concepa, incluindo ISS sobre a tarifa do pedágio e das obras da construção civil na rodovia, foi de mais de R$ 4.900.000,00. Em 2017, esse número caiu para R$ 4.311.593,87, tendo em vista a redução do valor do pedágio em 50%, no mês de julho. E agora? Vamos ter que nos organizar para trabalhar com cerca de R$ 1.600.000,00 a menos no orçamento, considerando que o problema dure até o final do ano.
A concessão da Triunfo Concepa existe há 20 anos e perto de seu encerramento uma prorrogação foi acertada. Este novo prazo se encerra sem a contratação de uma nova empresa e agora as prefeituras terão que arcar com o abandono das rodovias? Os municípios atingidos não podem suportar e, não devem aceitar tamanha demanda, sob pena de sacrificar os seus orçamentos e as suas populações.