Marcelo Borges Rodrigues, superintendente Centro-Sul Amcham Brasil
Estamos ingressando na revolução industrial 4.0, que trará profundas mudanças na economia e, em especial, no mercado de trabalho, com a automação de muitas atividades que hoje demandam esforços humanos repetitivos. Não podemos confundir a automação com um futuro sem o protagonismo das pessoas, pois as tecnologias inovadoras devem servir para melhorar a vida de todos nós. A tecnologia e a inovação são pilares do futuro, mas os talentos e a educação também são.
Nesse cenário, duas competências serão fundamentais: resolver problemas complexos e gerar resultados a partir do uso intensivo de tecnologia. A inércia nos levará a criar um abismo social entre os que possuírem essas capacidades e aqueles que não aprenderem a pensar de forma autônoma e a usar as tecnologias.
Nosso sistema educacional não está conectado a essa realidade. Se não começarmos agora a resolver, teremos um problema social e previdenciário de difícil solução: uma parcela da sociedade não conseguirá se inserir no mercado de trabalho, o que ela fará? A solução para esses problemas exigirá a formação de uma cultura empreendedora, e essa resposta precisa vir da sociedade civil.
Ainda é tempo. Para tanto, precisamos criar um sistema que familiarize todas as pessoas às tecnologias, pois não saber programar computadores será o analfabetismo do futuro. Precisamos que as crianças de hoje aprendam a programar nas escolas, e que os adultos, cuja expectativa de vida é felizmente cada vez maior, também participem desse processo de desenvolvimento, pois esse mercado de trabalho de que falamos já está no horizonte, se não presente.
Também precisamos desenvolver um sistema educacional baseado em princípios e valores racionais, que permitam aprender a aprender. Com a velocidade de hoje, as tecnologias mudarão muito rápido. Não haverá espaço para pessoas que apenas souberem decorar e repetir. Para criarmos mais caminhos, precisaremos ser alunos constantes de um futuro aberto a milhares de oportunidades que ainda não conhecemos, mas para as quais devemos desde já nos preparar, pois só teremos o amanhã que queremos se começarmos hoje.