Por Reges Bronzatti, advogado especialista em Negociação e Contratos de TI
A aceleração tecnológica impulsionada pela Inteligência Artificial (IA) está transformando organizações, a produtividade e o futuro do trabalho. Enquanto algumas nações investem para liderar globalmente, outras, como o Brasil, concentram esforços apenas na regulação e pouco em desenvolvimento e inovação. Apesar de necessária, a regulação sem ações estratégicas de estímulo à evolução tecnológica, demonstra nossa falta de protagonismo nessa corrida.
A conta vai chegar. O Brasil corre o risco de se tornar subserviente às nações que controlam a IA
EUA e China disputam a liderança mundial com investimentos bilionários em pesquisa e desenvolvimento. A Europa, por sua vez, adota um marco regulatório rígido para equilibrar proteção e inovação, mas sofre críticas por inibir startups e travar o crescimento de novas empresas.
Na prática, mantido o cenário atual, seremos eternos consumidores de IA criada por outros, perdendo a maior mudança econômica do século 21.
Ao mesmo tempo, enfrentamos um paradoxo: enquanto legisladores buscam limitar os riscos da IA, grande parte das pessoas não hesita em compartilhar seus próprios dados que treinam os modelos de aprendizagem. O desejo de fazer mais com menos supera qualquer preocupação futura.
Mas será que estamos prontos para as consequências? A conta vai chegar. O Brasil corre o risco de se tornar subserviente às nações que controlam a IA. Empregos serão substituídos, decisões estratégicas serão tomadas por máquinas, e ainda assim seguimos avançando sem preparação.
Regular a IA é essencial, mas não basta. É urgente educar a sociedade para compreender e se adaptar às transformações. A IA é um tsunami, não uma marola. Alfabetização digital, inovação responsável e acordos globais precisam caminhar lado a lado com a regulação.
O paradoxo da IA é claro: regulamos o medo, mas consumimos a tecnologia porque ela faz o trabalho por nós. Sem preparo, podemos ser os maiores responsáveis pela nossa própria obsolescência.
