Por Walter Lídio Nunes, vice-presidente da Associação Gaúcha das Empresas Florestais (Ageflor)
O empreendedorismo é o caminho para o desenvolvimento com igualdade social, mesmo que a politicagem de baixo nível impeça que seja estimulado e desenvolvido. Uma iniciativa visando reverter esta situação em diversas regiões ou territórios está em curso. A gênese da metodologia deste processo, já aplicada em alguns Estados do Brasil, é o Rio Grande do Sul. Aqui, está sendo empregada na região da Campanha, dividida em três territórios que envolvem 43 municípios e abrange 8,6% do solo gaúcho e uma população de 1,7 milhão de pessoas, responsáveis por R$ 37 bilhões do PIB.
A metodologia foi concebida pelo Sebrae que, além de estimular a qualificação das pequenas e médias empresas, procura fomentar a criação de uma ambiência regional que favoreça e estimule o empreendedorismo. A abordagem foi denominada Liderança para o Desenvolvimento Regional (Líder) e objetiva criar um fórum permanente de lideranças, entidades públicas e privadas da região, mobilizadas para a análise, a identificação de oportunidades de desenvolvimento e a implantação de iniciativas desenvolvimentistas, sempre buscando sinergia com as competências internas – ou mesmo externas – ao território visado.
O processo se inicia com a construção da coesão e da identidade do grupo de lideranças, responsáveis por trabalhar o fenômeno da mudança ao reconhecer um diagnóstico local e oportunidades de transformação econômica e social. Busca inovação com a integração das entidades de pesquisa regionais, além de alianças com entidades externas, como o apoio da Universidade Católica de Milão, que tem experiência neste tipo de processo no norte da Itália.
O Líder alinha-se aos conceitos modernos de cidadania política ao focar numa maior inteiração dos setores privado e público na construção de soluções socioeconômicas virtuosas através de um processo de relacionamento político qualificado, fazendo com que a ação do Estado tenha um papel indutor, com menos politicagem e mais controle.
Além do desenvolvimento econômico, a abordagem também qualificará as entidades participativas inclusivistas no seu papel de diagnosticar, propor, articular, empreender e, em especial, exercer um controle social sobre a condução do processo e seus resultados.
Tudo isto está ancorado em agendas convergentes que atendam aos interesses maiores do território e empoderadas para se sobreporem aos interesses das entidades extrativistas e corporativistas. O Líder é um exemplo que precisamos valorizar, pois já demonstra resultados onde está sendo aplicado e representa uma contraposição aos processos de governança anacrônicos, típicos da realidade sociopolítica brasileira.