Por Ralph Schibelbein, professor e mestre em Educação
A educação está parada. Bloqueando estradas, trancando pontes, travando caminhos. Não estou me referindo a nenhuma greve específica. Estou dizendo do grau de paralisia que se encontra o ensino em nosso país. Quando a população perceber que com educação vamos mais longe do que com gasolina, as greves e lutas dos professores serão respeitadas. A educação é combustível para uma sociedade não viver em uma eterna estagnação.
Se a educação não estivesse paralisada nós não veríamos faixas de pedido por intervenção militar em meio às manifestações. Não presenciaríamos filas em postos de gasolina com valores altíssimos para encher o tanque sem se preocupar se o outro tem o mínimo para se locomover. Aliás, não haveria também aquele que tenta furar a fila, ou mesmo as discussões ocasionadas pelos desrespeitos às leis e aos outros.
Se a educação não tivesse parada, possivelmente nem haveria tantos veículos poluindo e dificultando a mobilidade urbana, pois usaríamos transportes públicos de qualidade e meios mais sustentáveis de deslocamento. Não haveria também incoerência entre os altíssimos valores de impostos e baixíssima reversão em serviços públicos.
Mas se a educação não estivesse em paralisação, certamente continuariam os protestos e a luta por uma ampliação da cidadania, dos direitos e a busca por um país mais justo, digno e igualitário. Afinal isso é fruto de um processo educativo crítico e integral. A maior inimiga da democracia é a ignorância. Ao invés de perdermos tempo acreditando que devemos lutar contra o socialismo, contra o liberalismo ou capitalismo, acredito que nosso grande inimigo é o analfabetismo. Especialmente o analfabetismo político.