Lula, Cabral, Maluf, Azeredo, Cunha, Geddel, Dirceu, Palocci. Todos presos. E mais alguns mega-hiper-ultra nababos que já foram punidos por corrupção, como Marcelo Odebrecht, além de Eike, Wesley e Joesley.
Você calcula a importância disso para um país?
Mais: de Lula se disse primeiro que não seria preso e segundo que, se fosse, haveria comoção social, revolta, quebra-quebra, o povo desprotegido em lágrimas. Ele próprio sugeriu que seus adeptos bloqueassem estradas, invadissem propriedades públicas e privadas, queimassem pneus. O que aconteceu? Nada. Lula foi preso e ninguém se abalou, com exceção da Gleisi. O Brasil se levantou, mesmo, quando aumentou o preço da gasolina. Lula na cadeia não tirou o sono nem dos petistas.
Isso é relevante não porque Lula é do PT ou coisa que o valha, mas porque ele é o último caudilho. Lula ainda representa o velho populismo de Getúlio, Perón, Chávez, Mussolini, Fidel, Hitler, Mao e Stálin, líderes que tinham como força o controle das massas. As massas brasileiras, agora, parecem não estar sendo controladas por nenhum político, o que é muito, muito saudável.
Você que defende intervenção militar para combater a corrupção, saiba que não foram intervenções militares, golpes e grandes líderes que lutaram realmente contra a corrupção: foi a democracia.
Ninguém imaginaria que um quadro desses seria possível no Brasil. Nós sempre fomos o país da impunidade, o país onde quem tem poder tudo pode.
Hoje, não.
O Brasil está sofrendo? Decerto que sim. Há muitos e graves problemas a resolver, mas o país avançou. Alcançamos façanhas que pareciam impossíveis para nós e que são raras para quase todos. Ou você acha que não existe corrupção nos Estados Unidos, na Europa, no Oriente? Há, sim, e grossa, só que na maioria das vezes eles não têm forças nem vontade para expô-la.
Nunca, em tempo algum, o Brasil combateu com tamanha energia a corrupção. Nem a Itália, com a Operação Mãos Limpas, chegou aonde o Brasil está chegando. O Brasil está sendo um exemplo para o mundo.
Como isso foi obtido?
Com democracia. Graças à democracia.
Foi a democracia, não um "regime forte", não um líder de massas, não um político iluminado, não uma elite intelectual privilegiada, não o desenvolvimento econômico e nem mesmo a valorização da educação, foi a democracia a responsável pelo mais duro golpe à corrupção da história do mundo. Não fico com menos: do mundo.
Foi a democracia legítima, com instituições sólidas, com o respeito à lei, com atuação eficiente de funcionários públicos de carreira e de escalão médio, foi a democracia que conseguiu dar ao povo brasileiro sua maior vitória em meio milênio.
A democracia se faz assim, com o trabalho diário, árduo e, muitas vezes, lento. Quando um país vai contra a lei, por qualquer motivo, vai contra a democracia. E anda para trás.
Você que defende intervenção militar para combater a corrupção, saiba que não foram intervenções militares, golpes e grandes líderes que lutaram realmente contra a corrupção: foi a democracia.
Você é a favor da justiça igual para todos? Você aplaude Sergio Moro e a Polícia Federal? Você admira desembargadores como os da 4ª Região e juízes como Barroso, Cármen Lúcia e Fachin? Você é entusiasta da Lava-Jato? Você abomina corruptos de todos os partidos? Então você tem de ser contra qualquer tipo de intervenção. Você tem de ser a favor do cumprimento da lei estabelecida. Você tem de ser legalista.
Não seja a favor da exceção. Seja a favor da regra. Seja pela democracia. Está provado que ela funciona. E lembre-se: povo que confia na democracia confia em si mesmo.