O crescimento de 56% no lucro da Petrobras no primeiro trimestre, na comparação com o mesmo período do ano passado, é uma boa notícia que comprova, mais uma vez, os benefícios da Lava-Jato para o país. É certo que a melhora do desempenho da maior estatal brasileira também foi impulsionada pela alta do preço do petróleo, mas, sem as medidas de saneamento implementadas pela atual gestão, o quadro não seria tão positivo.
Ainda falta muito para que a empresa saia da zona de risco. O caminho, porém, está definido: menos ingerências políticas nas áreas técnicas e combate inclemente à corrupção. O aparelhamento das estruturas públicas em benefício de projetos partidários e privados ainda não está de todo extirpado, apesar dos esforços e das vitórias dos últimos anos. A abundância de cargos em comissão e o apadrinhamento político configuram grave distorção da missão primeira do Estado, que é representar e servir à totalidade da população.
Nesse contexto, o que antes era um tabu começa a ganhar visibilidade no debate eleitoral. A privatização da Petrobras passa a ser uma possibilidade concreta, que merece um debate público responsável e focado nos interesses maiores do país. Como premissa, cabe ao governo definir as balizas dessa discussão, descontaminando o processo de qualquer viés corporativo ou setorial. Clareza e transparência devem ser as bases de qualquer iniciativa que envolva a empresa. Nas últimas décadas, a Petrobras, pretensamente pública, tem servido mais a interesses privados e escusos.
Fundamental é que os avanços conquistados pela Lava-Jato se consolidem e que as medidas adotadas para blindar a empresa sejam radicais e perenes. O Brasil não pode aceitar retrocessos. A faxina ética por que passa o país é o primeiro e decisivo passo na direção de um modelo de gestão pública focado na eficiência, na transparência e nas reais prioridades da população, que são trabalho, saúde, educação e segurança.