Quem é "o brasileiro", que vai definir os rumos do país em 2018? O brasileiro é feliz e não sabe. Ou sabe. Aqui temos comida abundante e barata em relação a outros países, na Europa por exemplo você não encontra arroz nem feijão, artigos de luxo lá, o arroz por exemplo requer muita água para sua produção e somos privilegiados em matéria hídrica.
Aqui temos facilidade em fazer amizades, mesmo com desconhecidos, somos mais informais – para o bem e para o mal. Na Copa do Mundo no Brasil, os estrangeiros reafirmaram nosso acolhimento caloroso. É comum, por exemplo, que os argentinos se apaixonem pelas brasileiras, um amigo argentino que casou com uma brasileira explicou que elas são mais afetivas, menos rígidas que as da sua terra.
A crise atual não é só de segurança, nem só ética, é de autoestima também
Estamos habituados ao convívio entre povos de diferentes etnias e culturas, somos uma população mestiça e multicultural, com imigrantes dos diversos continentes. Não que não existam problemas de convívio aqui, somos todos humanos, mas compare com o que você vê acontecendo nos outros países, mesmo na dita "civilizada" Europa a xenofobia está em alta.
"Cada um sabe a dor e a delícia de ser o que é", já disse o Caetano, e nós sabemos que a desorganização é uma das nossas mazelas, efeito colateral da informalidade. A crise atual não é só de segurança, nem só ética, é de autoestima também: nenhum povo fala tão mal de si, o tempo todo. As pesquisas não confirmam os preconceitos de que o brasileiro trabalhe pouco ou que seja desonesto em sua maioria. Serão preconceitos introjetados, do olhar do colonizador sobre o colonizado?
Nem tudo é imutável. O brasileiro é visto como conservador, mas já é menos do que em décadas anteriores. O brasileiro de hoje é menos católico, que diminui em percentual em relação a evangélicos, agnósticos, ateus e outras formas de espiritualidade. Somos "anti-autoridades" mas às vezes abrimos mão dessa tendência (como já é recorrente na nossa história) e cedemos a autoritarismos. E é com toda essa complexidade que nos encaminhamos em 2018 para escolher nossos rumos.