Na era da comunicação, falemos dela. Falemos do jeito que finalmente instituímos ao nos comunicarmos. Os conceitos ruíram as definições. O fato ajoelha-se a interpretação. Não existe mais verdade; - eis a única verdade. Falhamos, leitores. O diálogo foi o último tabu a ser derrubado.
Percebo claramente dois tipos de ouvintes. O individualista e o estatizado. São, também, comunicadores.
O egocêntrico fala e escuta a si mesmo ao escutar e falar sobre o outro. Um monólogo contínuo onde, existe única e exclusivamente a presença dele na via emissor – receptor. O egocêntrico nunca é um só: sempre dois, ele e sua imagem. É, portanto, um debate perdido por decisão democrática. Numa sociedade traumatizante e traumatizada, é uma conclusão lógica que todos, cedo ou tarde, voltemos para dentro de nos mesmos. Se o mundo é tão abusivo, por que coloca-lo acima de mim mesmo?
O egocêntrico fala e escuta a si mesmo ao escutar e falar sobre o outro.
O indivíduo que massacra o coletivo.
O sujeito estatizado é capaz de compreender apenas o estatizado. Porque não existe, evidentemente, distinção entre ele e o – não semelhante - idêntico. Não existe, pois, compreensão do diferente –os estatizados são eles mesmos nos outros. Falam para espelhos com CPF's diferentes. O sujeito estatizado é, de certa forma, impressionante. Porque é previsível. Sua personalidade e interpretação de mundo pode ser lida – não em seu diálogo – mas no estatuto social de sua ideologia. São pouco ou nada além da ideia. As posições, opiniões, obedecem a uma certa variância das genéticas, mas são, de maneira geral, completamente derivadas da mesma cartilha. Para estatizar a sociedade não seria necessário que estatizássemos, antes, o pensamento dela? A vitória no debate não é democrática – é ditatorial.
O coletivo que massacra o indivíduo.
Por questões apresentadas anteriormente, faço-lhes uma pergunta e espero que não seja retórica: existe, hoje, o altruísmo? Ou ele tornou-se aquele famoso conto de fadas alegado pela direita como a bíblia marxista, alegado pela esquerda como a bíblia crista?
Penso, seriamente, que falhamos de todas as formas possíveis como humanidade. O fracasso é absoluto e estão todos vencendo suas discussões. Somos, finalmente, a sociedade do egocentrismo. Diferimos apenas em seu complemento nominal. Dissecamos o diálogo em dois: de um lado, os monólogos individuais, do outro, os monólogos estatais. E espero, realmente, estar errado. Hoje, perder uma discussão é transcender nossa época.
Oremos para a bíblia um do outro, pois nossos deuses, aparentemente, não repartem do mesmo pão.