Em 8 de março, lembramo-nos daquela metade da humanidade que, por milênios, foi tida como quase que invisível. Desde 1911, data do sacrifício de dezenas de mulheres, o mundo começou a dar-se conta desse fato. Não foi por acaso ou por milagre. Foram as próprias mulheres que começaram a se manifestar e exigir que seus direitos, os direitos humanos, fossem respeitados. Elas mesmas foram para as ruas, criaram movimentos, escreveram, rezaram, ergueram a voz.
Pode soar feio, para algumas, o feminismo. E até pode ter sido um movimento que causou divisões, mas o certo é que, sem esses movimentos, a mulher moderna não teria muito do reconhecimento de hoje.
Quem ensinará a humanidade a ser humana?
Basta olharmos como os casais cuidam dos filhos. Parece estranho que hoje um jovem pense que não se envolverá com o cuidado dos seus filhos; que as lides da casa ficarão por conta daquela que não trabalha, ou que é tarefa só da jovem esposa a educação e a formação em valores para as crianças. Então já temos algo a comemorar! Graças à educação, às mudanças culturais, aos movimentos intelectuais e sociais, temos outras grandes mudanças para a vida das mulheres.
Ainda estamos longe de comemorar o fim da lista de conquistas para a equidade: hoje cerca de 30% de mulheres recebem menos que os homens em funções semelhantes; há países que mutilam mulheres. Por outro lado, no nosso país, o número de mulheres que cursam o ensino superior é maior do que o de homens. A jornada doméstica vem sendo compartilhada, estamos assumindo liderança na sociedade, na política e, com mais custo, na religião.
Mas quem estaria exercendo o papel que era dela? Nosso. Só das mulheres? O papel de guardiã dos valores humanos, religiosos, formadores da cultura? Estará essa tarefa sendo compartilhada? Foi esquecida? Está sendo delegada à escola? É necessário estarmos atentos. Não é a escola, tampouco a igreja, ou as redes sociais que se encarregarão da função educativa. Quem ensinará a humanidade a ser humana? Nem só mulheres, nem somente homens, mas, quem sabe, todos os adultos que amam seus filhos e amam a humanidade.