Grigoriy Rasputin foi um curioso personagem da história russa e universal. Viveu no final do czarismo, aniquilado pela revolução soviética em 1917, tendo sido um monge e místico que se aproximou da corte do czar Nicolau II e da czarina Alexandra Feodorovna. Ele vendia pretensos poderes sobrenaturais que lhe renderam notável ascendência, em especial sobre a czarina, por ter-lhe convencido de que era o único capaz de curar seu filho Alexei em suas crises de hemofilia.
Essa ascendência lhe possibilitou influir na igreja e nos assuntos de estado, nomeando e derrubando ministros e afetando toda a hierarquia e funcionamento da corte, gerando fortes antagonismos que culminaram com seu assassinato, em 1916.
Não vou aqui analisar o personagem, mas utilizá-lo como referência aos rasputins que conhecemos. O Rasputin original valia-se de seu poder de persuasão para avançar em poderes que eram do czar e da czarina, o que aumentava o “tamanho de seu braço” e, de forma ilegítima, assumia um poder que não lhe pertencia, atuando muitas vezes nas sombras.
Como o original, rasputins proliferam em todas as instâncias de países, estados e empresas. Não são apenas pessoas. Podem ser processos ou culturas internas que se estabelecem nas organizações e instituições, se perpetuam e interferem. Olhando bem, no entanto, não possuiriam mérito próprio ou legitimidade formal para tanto, mas seguem persuadindo e impactando.
Nas empresas, rasputins podem ser identificados, em especial nas mais antigas, que acumularam pessoas ou processos que não se justificam mais, mas que lá permanecem sem ser questionados. Podem ser invisíveis, sendo sempre prejudiciais, influindo em mudanças necessárias e as comprometendo.
A República é eivada de rasputins em todas as suas instâncias, podendo ser representados tanto por pessoas que orbitam e vivem em torno do poder, que “aumentam seus braços”, quanto por interesses ocultos das corporações, tendo em comum a disputa pelo poder. Também em comum, esses rasputins não são necessariamente os melhores para o interesse público, mas, sim, para os seus, razões pelas quais frequentemente pouco aparecem, o que é mais eficiente. A sedução para suas teses visa ao poder, sua atividade fim e fonte de prazer e certeza para a consecução dos objetivos.
Identifique em seu meio os rasputins, sua atuação e mesmo se você ou sua organização não estão sendo afetados por um. Tenha certeza de que rasputins são pejorativos e sempre valem bem menos do que seus “braços alongados” e seus resultados.