A tecnologia foi, ao longo da história, o motor que alterou a produção industrial e o mercado de trabalho. As transformações disruptivas sempre criaram o temor da perda de empregos para máquinas, mas o progresso tecnológico e a automação não fizeram o ofício humano obsoleto, apenas o modificaram. Nesta quarta revolução industrial, a perspectiva é de uma mudança ainda mais profunda nos perfis profissionais, assim como do surgimento de novos negócios, alguns dos quais ainda nem sequer conseguimos imaginar como serão.
Esta é a hora para se informar sobre as oportunidades que vão surgir e preparar-se para elas
RAFAEL LUCCHESI
Economista
De acordo com o Fórum Econômico Mundial, 65% dos alunos que iniciam o ensino fundamental agora trabalharão em ocupações hoje inexistentes. Estudo realizado pela consultoria McKinsey, em 54 países que concentram 78% da força de trabalho global, afirma que, até 2065, mais da metade das atividades de trabalho poderão ser automatizadas. No Brasil, esse percentual chega a 69% na indústria.
Essa perspectiva não deve, no entanto, amedrontar os jovens que planejam uma profissão nem os profissionais que já estão no mercado. Ao contrário, esta é a hora para se informar sobre as oportunidades que vão surgir e, sobretudo, preparar-se para elas. A educação é o caminho para quem deseja dominar as tecnologias da chamada indústria 4.0, que terão papel central no mundo do trabalho nos próximos anos.
A previsão é que algumas ocupações perderão sentido, com melhorias nos algoritmos de aprendizagem de máquinas, que devem ser usadas principalmente em tarefas repetitivas ou insalubres. Por outro lado, novas profissões devem surgir, em áreas como manufatura avançada, tecnologia geoespacial, biotecnologia, saúde, tecnologia da informação e comunicação, entre tantas outras. Competências de base cognitiva deverão ganhar relevância, como pesquisar, interpretar grande quantidade de dados, planejar e resolver problemas complexos.
O Serviço Nacional de Aprendizagem Industrial (Senai) tem acompanhado de perto essa transformação e já iniciou a oferta de cursos destinados a formar profissionais para a indústria digital. O mais importante é ver este momento não como uma ameaça, mas se qualificar por meio da educação de qualidade para os empregos do futuro.