A expressão "primum non nocere" (primeiro não causar dano) é atribuída a Hipócrates, o pai da medicina. Se a intervenção que pensamos realizar em um paciente, seja um exame, um tratamento ou um procedimento, não tiver uma comprovação científica de seu benefício, não devemos usá-la, pois pode causar dano e irá contra um princípio básico da profissão médica.
Nas mídias, multiplicam-se ofertas de tratamentos milagrosos, sem nenhuma comprovação científica. Geralmente, antecipam a oferta com longos discursos e justificativas ridículas que em nenhum momento provam seu benefício. O Ministério da Saúde anunciou a incorporação de novas práticas de tratamentos alternativos pelo SUS e provocou críticas do Conselho Federal de Medicina. Essências de flores, óleos e luzes coloridas estão entre os recursos das novas terapias incluídas no SUS. A ideia de prevenção utilizando meios não comprovados cientificamente é pífia e não se justifica, pois a verdadeira prevenção na saúde usa meios comprovados cientificamente, caso contrário, é desperdício de recursos.
Os médicos devem basear sua conduta no método científico
PAULO LEÃES
Médico
Os médicos devem basear sua conduta no método científico, estando aptos a indicar a intervenção comprovadamente benéfica e que não cause dano. Ocorreu-me este pensamento vendo essa iniciativa empírica do Ministério da Saúde, concorrendo com a iniciativa médico-científica que iremos realizar em Porto Alegre em abril, que será justamente um curso de medicina baseada em evidências. Oportunamente, um dos principais nomes dessa área no Brasil, doutor Luis Carlos Correia, atualizará nosso espírito científico da prática médica baseada em evidências, procurando, em primeiro lugar, não causar dano. Suprema ironia.