Apesar de avanços notáveis, a desigualdade entre homens e mulheres permanece a pleno. São elas que mais sofrem com a pobreza extrema, com o analfabetismo, com as falhas no sistema de saúde e com a violência doméstica. E com a crescente redução de direitos e de políticas públicas adotada pelo governo federal como justificativa para o ajuste fiscal, o resultado torna-se ainda mais cruel, especialmente para as mulheres.
Elas são maioria nas atividades precarizadas, são absurdamente afetadas pelo regime intermitente aprovado na reforma trabalhista e acumulam as funções domésticas. Mas outros indicadores chamam a atenção: a proporção de mulheres que chefiam os domicílios aumentou de 24,8% para 43% nos últimos 20 anos.
Nos últimos 10 anos, houve intensificação das políticas sociais no Brasil, que possibilitaram avanços importantes na agenda social, como a redução da pobreza e da fome. Os números do IDH no nosso país, onde as mulheres representam 52% da população, cresceu 47,8% de 1991 a 2010. Nesse mesmo período, 36 milhões de pessoas deixaram a pobreza e o país, pela primeira vez, saiu do Mapa da Fome em 2014 – um dos principais avanços considerados pela ONU.
Elas são maioria nas atividades precarizadas e acumulam as funções domésticas.
Mesmo assim, a incidência da pobreza também variou em função do gênero. Em famílias comandadas por mulheres, as taxas de pobreza extrema atingem 9,6%, frente aos 7,1% quando lideradas por homens. Os números do Cadastro Único do Governo Federal mostram que quanto mais baixa a renda per capita da família, maiores as chances de ser chefiada por mulheres. Das 27 milhões de famílias inscritas no Cadastro Único para Programas Sociais, 12,5 milhões têm renda per capita familiar de até R$ 85 (extrema pobreza).
Para piorar, entre 2016 e 2017, quase um milhão de famílias foram desligadas do Bolsa Família. A redução do Orçamento de 2018 na política de assistência social, que chegou a 11%, apontando para cortes ainda mais drásticos na rede de proteção e no número de famílias atendidas.
O RS também desmontou sua política de erradicação da extrema pobreza, o RS Mais Igual, que já havia atendido a 100 mil famílias gaúchas, e nenhuma política pública foi implantada como alternativa. E em Porto Alegre, vemos a população mais pobre de volta às ruas, com mendicância e fome. Até quando?