A escalada de violência politica no país, escancarada pelos tiros à caravana do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva e pela revelação de ameaças à família do ministro Edson Fachin, relator da Lava-Jato no Supremo Tribunal Federal (STF), desafia os políticos e agentes sociais do país a agirem em busca da urgente retomada do diálogo. Quando se perde a dimensão da força da palavra como forma de buscar consensos e soluções, substituindo-a pela intolerância e pela selvageria, como se constata hoje em alguns grupos, os prejuízos se generalizam, atingindo a própria democracia. Os brasileiros, que recém foram confrontados com a execução da vereadora carioca Marielle Franco, do PSOL, não podem aceitar que a barbárie impere sobre o diálogo.
Mesmo que o PT e seus satélites por vezes tenham adotado como método político a intimidação, a agressividade e a ofensa, não se pode admitir que tal sirva de justificativa para a multiplicação de atitudes nefastas para a convivência democrática. Ao contrário, toda violência deve ser repudiada, venha de onde vier. Em seu lugar, deve-se privilegiar sempre o debate de ideias. Felizmente, líderes partidários conscientes dos riscos impostos pelo acirramento de ânimos registrado nos últimos dias estão acordando para a necessidade de pregar a pacificação do país nesse momento particularmente difícil. Mas é preciso mais.
Como já foi alertado nesse mesmo espaço logo após as primeiras agressões à caravana petista, ainda no Rio Grande do Sul, "as forças da moderação devem agir antes que o sectarismo transforme as próximas eleições em batalhas de torcedores fanáticos". Esse é o tipo de clima que só interessa a extremistas pouco comprometidos com os duros avanços conquistados pela democracia brasileira.
O país tem o dever de garantir que juízes tomem decisões sem intimidações ou ameaças e condições adequadas para livres manifestações civilizadas na política, preservando a integridade física de todos os brasileiros. Assim como ocorre com a corrupção, a impunidade estimula esse cenário de pré-barbárie e antidemocrático. A escalada de violência pode e deve ser interrompida com a identificação e a devida punição legal dos que atentam contra a democracia e a vida harmônica em sociedade.