O mercado brasileiro mostrou força e resistiu à turbulência internacional no mês de fevereiro. Enquanto nos EUA o índice Dow Jones teve forte queda, de 4,3%, o Ibovespa fechou o mês perto da estabilidade, com alta de 0,5%. No ano, o Ibovespa acumula alta de 11,7%. A desistência da reforma da Previdência por falta de votos não abalou o mercado, que já não estava colocando a sua aprovação na conta. O governo tentou amenizar a notícia anunciando 15 projetos menores na área econômica, muitos requentados, como a privatização da Eletrobras. No entanto, o pacote não teve impacto relevante e ainda gerou um desconforto com o presidente da Câmara, que acusou o Executivo de tentar pautar o Congresso.
Embora não resolvam a questão fiscal, as pequenas medidas também são importantes e o país evoluiu bastante nesses pontos desde 2016. Podemos destacar os principais temas endereçados nesse período, como a criação de um teto para o crescimento do gasto público ainda em 2016. Em 2017, o Congresso conseguiu aprovar a reforma trabalhista, acabando com a mistificação que existia sobre a ultrapassada CLT. A reforma deve ter um impacto positivo no longo prazo para empresas e empregados, ainda que existam dúvidas sobre a sua aplicação.
A criação da TLP (Taxa de Longo Prazo) em substituição à TJLP (Taxa de Juros de Longo Prazo) irá, finalmente, acabar com os subsídios ocultos do BNDES. Também tivemos a Lei das Estatais, que deve gerar uma redução da influência política na administração das empresas públicas. O anúncio da privatização da Eletrobras foi um marco importante para o país e a resistência que a operação ainda enfrenta deixa claro que só quem grita contra privatizações são sindicatos e políticos que irão perder poder nas empresas.
Considerando que estávamos há cerca de uma década sem reformas relevantes para dinamizar a economia, o avanço em apenas dois anos foi enorme. Ainda ficam grandes desafios que devem ser debatidos durante a campanha presidencial e enfrentados pelo próximo governo. O principal deles é a reforma da Previdência, fundamental para o cumprimento do teto dos gastos públicos.
A desistência da reforma da Previdência evidencia que nossos políticos brincam com a sorte e não aproveitam momentos de boa vontade do mercado com o país para enfrentar os problemas complexos. Com a União e os Estados em grave crise fiscal, a saída é óbvia: privatizações e reformas. Os políticos, verdadeiros donos das estatais, resistem em enfrentar essa realidade.