O Brasil conseguiu aprovar no Congresso, no final do ano passado, uma reforma do Ensino Médio que vai no caminho certo para melhorar a formação de quem está em idade escolar. Diante da baixa escolaridade dos brasileiros e da necessidade de o país melhorar seus níveis de produtividade, iniciativas como essa ainda são insuficientes para assegurar algum alento na área educacional. Dados de levantamento recém publicado pelo Banco Mundial (Bird) demonstram que nada menos de 52% dos brasileiros entre 15 e 29 anos perdem o interesse pelos estudos. Em consequência, correm o risco de não conseguirem se inserir no mercado de trabalho, agravando uma situação em que a baixa atividade econômica não consegue gerar vagas em número suficiente.
A conclusão do trabalho do Bird é de que o país pode estar perdendo "a última onda da transição demográfica" – mais exatamente, a última parcela significativa de jovens ingressando na população ativa do país. Diante de mais um ano eleitoral, a torcida é para que os candidatos em campanha se comprometam com uma agenda educacional com potencial para corrigir essas distorções. As mudanças precisam fazer com que o Ensino Médio volte a se tornar atraente e mais sintonizado com os jovens e com as exigências do mercado de trabalho, o que está longe de ocorrer hoje.
Sem a adoção de ações imediatas, o resultado é que o país continuará às voltas com níveis inconcebíveis de evasão escolar. Entre as razões, estão um currículo escolar voltado mais para a memorização do que para o pensamento crítico, com pouca ou nenhuma conexão com a realidade a ser enfrentada posteriormente no mercado de trabalho. O resultado é que apenas 43% dos brasileiros com mais de 25 anos têm o Ensino Médio concluído. Nos Estados Unidos, por exemplo, o percentual é de 88%, o que ajuda em muito a explicar o dinamismo de sua economia.
O drama da evasão escolar se agrava ainda mais pelo fato de que, em sua maioria, quem abandona os estudos não tem consciência de sua importância para se dar bem na vida profissional. Além disso, os jovens estão entre os que mais sofreram o impacto da atual crise econômica. Normalmente, são os primeiros a perderem o emprego, o que explica uma taxa de desocupação muito superior à média nessa faixa etária. E tendem a enfrentar mais dificuldade que os demais trabalhadores para encontrar um novo trabalho.
O país precisa motivar quem está em idade escolar a prosseguir nos estudos. É a forma de evitar que os jovens caiam no subemprego e a economia perca ainda mais competitividade.