Porto Alegre, em suas diferentes gestões, sempre se caracterizou por ser uma cidade leitora, uma cidade que investe em livros, uma cidade em que há o PMLL: Plano Municipal do Livro e da Leitura, uma cidade em que existe um projeto de leitura chamado Adote um Escritor, recentemente premiado pelo Instituto Pró-Livro e responsável por modernizar e qualificar o acervo das bibliotecas escolares, além de promover o encontro entre leitores, escritores, ilustradores e contadores de histórias. Todavia, tudo isso corre risco.
A leitura será, mais uma vez, golpeada e fragilizada em nossa cidade.
O Adote um Escritor, projeto que já existe há mais de 16 anos, tem propiciado práticas leitoras nas diversas escolas da rede municipal. A cada ano, o Adote envolve 99 escolas municipais, atingindo mais de 15 mil alunos, em torno de 70 escritores, ilustradores e contadores de histórias, além de mais de 5 mil servidores e mil professores, sendo referência nacional na promoção da leitura e exemplo para outras cidades, que desenvolvem projetos semelhantes, inspirados no Adote. No entanto, tudo isso corre risco.
Todavia, tal projeto corre o risco de não existir mais, já que o prefeito Nelson Marchezan vetou o investimento aprovado pela maioria dos vereadores, senhoras e senhores que sabem do papel importante da leitura (e das ressonâncias em outras artes e áreas do saber) na formação do cidadão crítico. Pois o prefeito não respeitou a vontade da Câmara e tampouco o desejo expresso por quem que acredita na leitura como caminho para o crescimento individual e coletivo. O prefeito vetou a leitura em Porto Alegre.
Porém, a Emenda 86, que destina recursos à leitura, irá a votação novamente. E, para que o veto seja vencido, carece de receber 19 votos contrários à negação do prefeito em investir em livros, em leitura, em educação. Assim, urge que tenhamos homens e mulheres públicos sensíveis ao desejo de tornar Porto Alegre uma cidade mais e mais leitora. Hoje e sempre. Ler abre olhares para o altero; ler faz de nós pessoas mais sensíveis; ler faz de uma cidade espaço para o sonho. E, citando Carrol, o que é viver senão sonhar. Haverá, espero, 19 vereadores sonhadores em nossa Câmara. Caso contrário, a leitura será, mais uma vez, golpeada e fragilizada em nossa cidade.