A agência de classificação de risco S&P Global rebaixou o rating brasileiro de BB para BB-. As notas pouco importam para o presente artigo, mas a redução é suficiente para um alerta de que muito precisa ser feito para tirar o Brasil do atoleiro em que se meteu ao longo de sua rigorosa recessão.
A estrutura do gasto público, somada às dúvidas quanto aos apoios políticos necessários às reformas para o reequilíbrio das contas nacionais, ameaçadas pelo ano eleitoral, justificou o rebaixamento, pois certezas futuras positivas estão comprometidas, em que pese as importantes e visíveis melhorias já em andamento na economia brasileira, com destaque para a inflação e a queda dos juros, em risco, se as questões fiscais, leia-se reforma da Previdência, não forem enfrentadas.
No início de janeiro, o Banco Mundial atualizou favoravelmente suas estimativas para a economia mundial, com crescimento de 3% em 2017 e 3,1% em 2018. Os Estados Unidos teriam crescido 2,3% no ano passado, sendo esperado 2,5% para esse ano. A China vai continuar expandindo acima de 6% ao ano. A Zona do Euro cresceu 2,4% em 2017, devendo alcançar 2,1% em 2018. Mais, pasmem, o Japão deve ter aumentado seu PIB em 2017 em 1,7%, devendo chegar a 1,3% no corrente ano. Todas as previsões para 2020 indicam expansão do PIB mundial.
O desempenho recente da economia global já traz preocupações quanto ao esgotamento da capacidade da indústria de diversas regiões em atender à crescente demanda, e a oferta no limite pode trazer pressões altistas de preços. O início de um processo inflacionário significará mudanças graduais na política monetária dos países desenvolvidos, onde o ponto mais evidente será a provável elevação das taxas de juros soberanas, apreciando suas moedas, com uma provável desvalorização do real. Lembremos que um dos fatores que contribuíram para a queda da nossa inflação foi um dólar comportado.
Voltando ao Banco Mundial: para o Brasil, as estimativas indicam um crescimento de 1% em 2017 e 2% para 2018, abaixo do aguardado para o mundo. Em ponto coincidente com o relatado pela S&P, referiu a preocupação com a sustentabilidade fiscal, dependente da reforma da Previdência, o que é óbvio.
Fica aqui uma sensação de que se atravessará um momento favorável na economia mundial, em que nos arriscamos mais uma vez a não aproveitar alguns anos de boas oportunidades, fruto de nossos pecados econômicos passados e, principalmente, futuros.