*Advogado
Há alguns anos, em um evento público, um ministro aposentado do Supremo Tribunal Federal foi questionado sobre os riscos da manutenção da democracia no Brasil, tendo em vista tudo que vinha acontecendo na América do Sul. Na época, o país era governado pelo Partido dos Trabalhadores e a preocupação da plateia estava intimamente ligada a este fato. De plano, o ex-ministro pensou e proferiu a seguinte frase: “A democracia será mantida no Brasil, porque nossas instituições são sólidas e confiáveis”.
Na ocasião, fazia sentido a afirmativa, mas, talvez, poucos tenham entendido a profundidade daquelas palavras. Hoje, com certeza, entendemos muito bem o que o ministro queria dizer. Após muitos anos, o país começa a recompor valores fundamentais para o fortalecimento de uma nação. Não fosse uma destas instituições, no caso o Judiciário, seria complicado imaginar onde estaríamos neste momento. Difícil avaliar o tempo, mas, provavelmente, tenderíamos mais para uma ditatura política e o beneficiamento de poucos, aliás, duas verdades intrinsicamente ligadas, do que para uma sociedade livre.
Agora, depois de tudo que passamos, temos a oportunidade de reencontrar o caminho. Não podemos nos acomodar. Em respeito à plena democracia, certamente teremos aqueles que defendem regimes totalitários sob o manto da igualdade social, mas que no fundo escravizam econômica e intelectualmente os cidadãos e por outro, aqueles que acreditam em uma vida mais livre e próspera. Precisamos desses debates para fazer escolhas. Viver com verdades únicas é o que estamos afastando. Temos que buscar cada vez mais liberdades econômicas e intelectuais. Apesar de alguns ainda acreditarem, felizmente não há líderes capazes de afundar uma nação inteira.
Temos a obrigação de avaliar o atual momento e evoluir. Não adianta comemorar o que está acontecendo e voltar para casa sem reavaliar nossas atitudes e, principalmente, o que queremos para o Brasil do futuro. Sejamos mais corajosos e envolvidos. Pensemos que a história de um país pode ser reconstruída e que podemos, sim, mudar uma cultura inteira de assistencialismo e corrupção por meritocracia e transparência.