Há muito tempo, vimos as manchetes se repetirem. Tragédias da vida cotidiana, que vão da violência nas ruas, passam pelas filas nos postos de saúde, os milhões de desempregados até as crianças que falham em testes de conhecimentos básicos. Mais recentemente, a crise política e fiscal do nosso país assumiu o protagonismo dessa sucessão de más notícias e, até agora, não achamos o fundo do poço. Buscaremos por muitos anos ainda os reais desviados e as pessoas envolvidas e talvez décadas sejam necessárias para se adequar o tamanho do Estado brasileiro à sua função, mas as pessoas não podem continuar sofrendo por causa disso.
O foco até agora tem sido em como o Estado vai se viabilizar e prover esses serviços. Com base nessa premissa, a economia foi sendo cada vez mais penalizada. As empresas perderam produtividade e competitividade e as pessoas oportunidades e sonhos. Em um mundo que não para, andamos para trás. Por vezes, inclusive, sente-se nas ruas uma certa resignação, como se não fosse possível mudar.
De fato, o que não é possível é seguirmos fazendo a mesma coisa. A solução apresentada acaba sempre impondo um custo maior para a população, seja por impostos, burocracia ou simplesmente pela passagem do tempo, que nunca será recuperado. Apesar do que somos levados a crer, existem muitas maneiras de termos melhoras visíveis na vida das pessoas (que é o que efetivamente deveria importar), desde que aceitemos mudar o ponto de vista.
Para começar, precisamos desburocratizar a vida das pessoas. Não são razoáveis a quantidade de passos necessários para abrir um negócio, horas para pagar impostos ou documentos que alguém precisa carregar para uma finalidade qualquer. Precisamos também aprender com a nossa própria história e desestatizar a economia. PPPs e privatizações trazem avanços reais, como provado em estradas, telefonia e aeroportos. Por que não seguir para luz, água, esgoto etc? Poderíamos agregar a isso, ainda, formas de a população aplicar mais diretamente seus tributos, direcionando, ao menos parte, para projetos mais próximos de si. Uma espécie de Rouanet para segurança, saúde e educação. Assim, reduz-se o papel do intermediário e tem-se uma melhora real nos serviços. Só atacando essas ineficiências já teríamos ganhos significativos.
Talvez essa seja uma boa resolução para 2018: colocar as pessoas na frente dos interesses do Estado.