Neste momento de retomada do mercado, quando os sinais de recuperação estão mais evidentes, é preciso que os empresários e dirigentes de marketing tenham em mente a importância vital de saber qual é o timing certo para voltar a investir em ações mercadológicas e publicitárias, para as marcas que se afastaram da mídia, ou de acelerar na velocidade certa, para aquelas que se mantiveram no ar, mas sem muita ênfase.
Um erro fácil de ser cometido é o de esperar demais para se mexer neste momento, no aguardo de uma espécie de "certificado formal" do fim da recessão e da volta dos bons tempos. Isso, na real, não vai acontecer. Pois o mercado não opera de forma assim tão cartesiana e mecânica e não existe uma "data oficial" de mudança.
Os processos de decisão dos consumidores são mais emocionais do que racionais
Neste momento os consumidores estão se perguntando como empregarão os recursos financeiros que voltam ou estão na iminência de voltar: se para amortizar dívidas, investir no futuro ou atender às demandas reprimidas nas mais variadas categorias de consumo.
Este fato determina que as empresas – que disputam pagamento das dívidas, investimentos ou consumo – estejam mais ativas do que nunca, para não perder seu lugar na maratona que atinge uma situação de campo plano ou de declive, que aumenta a velocidade média de competição.
É essencial, neste momento, levar em conta as lições de Richard Thaler, Nobel de Economia deste ano. Ele defendeu a vida toda que os processos de decisão dos consumidores são mais emocionais do que racionais _ o que explica porque a publicidade e outros "truques" de marketing funcionam tão bem há tanto tempo.
O conceito de nudges (empurrar, cutucar), tema derivado de suas teorias, é fundamental nestes tempos de hipercompetição e de justificada confusão e indecisão dos consumidores diante de um espectro de oferta muito maior e profundo do que sua mente, capacidade financeira – e até mesmo desejos– são capazes de abarcar.
No seu livro do mesmo nome, Nudges, fica evidente que penetrar e agir nas mentes e corações das pessoas é cada vez mais difícil, pois a forma com que elas/eles operam e as "receitas" não são mais tão óbvias e os resultados não fluem de forma automática; mas essa complexidade, por outro lado, faz com que as posições ocupadas pelas marcas não sejam imutáveis e sempre será possível quebrar a inércia com outras proposições e formatos de atuação e linguagens.