A crise tem ensinado a todos os brasileiros, por vontade própria ou não, a se adaptarem a um novo momento na vida profissional, pessoal e familiar. Trata-se de uma crise que faz o país patinar economicamente por 10 longos anos. Por outro lado, podemos sair dela mais competitivos, a exemplo da crise de 2008 na Europa e nos EUA, que tornou as organizações mais produtivas e rentáveis.
No setor privado, as mudanças têm sido rápidas pela necessidade de sobrevivência, mas deixando muitos feridos e mortos pelo caminho. Já no setor público, o processo é moroso e burocrático e muitos, ainda, não entenderam a necessidade da mudança.
O exemplo da ministra Luislinda Valois, que ganhou notoriedade na semana passada requisitando um salário acima do teto permitido por lei, expressa a realidade do pensamento de muitas outras pessoas no Executivo, Judiciário, Legislativo, corporações e outras entidades que não entenderam que não existe orçamento sustentável para pagar as contas. E, mais, burlam o sistema para superar o teto ou adquirir vantagens. Para o Brasil da burocracia não ficou claro que os direitos devem vir depois dos deveres. Primeiro é preciso se ajustar à capacidade de pagar as contas para poder oferecer o que é de direito.
Pior é que os dois candidatos que lideram a pesquisa à Presidência do Brasil nas suas trajetórias políticas defendem um Estado maior. Não passam do discurso o ajuste fiscal e as reformas que são fundamentais para que o país volte a crescer e gerar empregos. Sem falar do risco de uma polarização política com uma tendência geral de radicalização.
No momento em que a sociedade quer acabar com a corrupção, reforço que não adianta apenas manter ou até criar uma legislação que pode ser legal, mas não moral, em benefício de uma minoria.
O modelo público atual comprovadamente é inviável para o Brasil. É preciso buscar exemplos de outras organizações e poderes no Exterior que são sustentáveis, menos onerosos e mais eficientes.
Que esta crise seja uma oportunidade de mudança para melhor e que, mesmo saindo dela, não voltemos aos mesmos vícios: deixar de inovar e de adaptar-se às novas demandas. O fato é que muitos querem que haja mudanças, mas muito poucos querem mudar.