*Advogado
A fúria demagoga atinge índices alarmantes no Brasil. Liderados por supostos intelectuais formadores de opinião e por tantos outros que sonham com a frágil fama das ideias coletivas e politicamente corretas, temos a tentativa da imposição da verdade das minorias. A prática é simples: pega-se um tema, por mais desconexo que possa ser, mas o importante é chocar, e inicia-se um processo pesado de discussões acaloradas em que tornam os apoiadores pessoas excepcionalmente boas e os contrários, cidadãos desprezíveis. São debates rasos, sem qualquer vínculo com a realidade, base histórica ou respeito às pessoas.
O importante é relativizar conceitos, gerando enorme confusão entre o aceitável e o absurdo. Tal prática é tão grosseira que só perdura em dois extremos: discursos raivosos ou falsas defesas de uma sociedade mais justa. E o pior, muitos que defendem estas ideias supostamente moderninhas, na primeira oportunidade mudam-se para países extremamente tradicionais, educando suas famílias como na época da monarquia conservadora. No bom português, é o discurso descolado da prática ou o que serve para mim, não serve para a sociedade. E parte dos brasileiros, órfãos de uma educação básica mínima, não consegue estabelecer senso crítico para avaliar e definitivamente construir ideias próprias, virando frágeis presas. Para piorar, em tempos de verdades cibernéticas e formação de grupos que vão para as ruas sem saber profundamente as causas das suas causas, temos a manutenção de uma sociedade titubeante, capaz de seguir qualquer líder, sejam quais forem as suas ideias.
Infelizmente, desrespeito cotidiano aos outros e discursos sem referência prática – "faça o que eu digo e não faça o que eu faço" – trarão ainda mais nefastas consequências a todos nós. Será preciso repensar e, para aqueles que discordam do que têm presenciado e continuam inertes, sem colaborar com a sociedade, cuidado, muito em breve será tarde demais.