Ao longo da história, a natureza do tempo tem sido alvo de grandes debates, desde sua própria existência até sobre a forma como ele flui. No final do século 18, o filósofo alemão Hegel inverte o modo tradicional de pensarmos o tema, ao colocar o presente como essência do futuro. Por outro lado, o presente que é realizado para um futuro, também se torna passado. É essa contradição o elemento central da constituição da própria história – grande mestra da vida.
O Hospital Moinhos de Vento completa hoje 90 anos, arraigado em uma linda história de pioneirismo e obstinação pelo cuidado com a vida e pela medicina de excelência. O então Hospital Alemão (Deutsches Krankenhaus) nasceu do sonho e da luta de imigrantes e descendentes, que buscavam se fazer representar e demonstrar sua importância para o desenvolvimento da sociedade brasileira. Tinham como missão reproduzir na capital gaúcha as melhores instituições de saúde da Europa à época. Foram 13 anos desde o lançamento da pedra fundamental até a inauguração, em 1927, quando foi aberto a toda a comunidade – sem distinção de credo, etnia ou situação social.
A qualidade, a inovação e o conhecimento estão na base de uma filosofia institucional sólida, renovada ao longo de gerações. Sempre olhando para frente, continuamos atentos às mudanças de paradigmas e às necessidades da sociedade. É essa ação empreendedora ininterrupta – fundamentada nos princípios da fraternidade e da cidadania – que melhor resume essa trajetória. E que indica os nossos próximos passos. Temos a convicção de que o desenvolvimento está ligado às mudanças científicas e tecnológicas, mas que o bem mais precioso de uma instituição de saúde segue sendo o capital humano. A inovação anda ao lado da capacitação técnica, da disciplina e da colaboração, com cada um dando o seu melhor para atingir um propósito maior.
A medicina não tem mais fronteiras. A era digital nos aproxima de possibilidades incríveis para superar desafios históricos da área da saúde. Joseph Schumpeter, economista austríaco, já anunciava há um século a inutilidade da resistência à "mudança descontínua". Sua concepção de destruição criadora – embora o termo assuste – sintetiza hoje a nossa visão de inovação: devemos deixar o novo nascer. É o ciclo de renovação da vida, que se testemunha no dia a dia de um hospital e que move a humanidade.
A memória do Hospital Moinhos de Vento sempre estará guardada no marco de sua fundação e nas conquistas – de milhares de mãos, mentes e corações – que o colocaram entre as instituições de saúde mais admiradas do país. Honrá-la é seguir adiante, incansavelmente. Mudam as pessoas, os dirigentes, as metodologias e as estruturas. Mas o sonho e o espírito permanecem. Carpe diem, sigamos em frente e aproveitemos o tempo.