Nos dias de hoje, ética é um termo largamente utilizado, mas talvez nem sempre bem compreendido. Objeto de incontáveis estudos e até de um tratado de Aristóteles dedicado ao seu filho, é fundamental para pensarmos nas nossas escolhas e valores. Não apenas simplificando o conceito, mas tomando a liberdade também de fundi-lo com o da moral, podemos defini-la como sendo a distinção entre o que é certo e errado em uma conduta humana.
Assim, quando alguém toma uma decisão, necessariamente faz uma avaliação de qual seria o caminho mais correto a ser seguido. Nem sempre é o mais fácil, mas nem sempre é o mais difícil também. Ainda que o juízo seja individual, o seu enquadramento ético deve ser feito pela agressão ou não às liberdades das outras pessoas. No primeiro caso, rompe-se uma barreira importante e abre-se o caminho para arbitrariedades.
Em época de debates gritados de extremo a extremo, temos deixado de lado a capacidade de avaliar o que é certo ou errado. Os argumentos têm pouco valor e são frequentemente descartados sem qualquer análise. A posição fica acima da verdade e basta achar um meio de fazê-la caber em uma norma jurídica para correr-se em sua defesa. Mas o que isso diz do nosso caráter?
Talvez essa seja uma das consequências mediatas de Bastiat, acidente colateral de um ambiente excessivamente burocratizado. Enquanto nos países que adotam o direito dos comuns, o Commom Law, a lei brota do povo e é da sua observação que se define o justo, na nossa terra o que importa é o enquadramento na lei, muitas vezes criadas à revelia da realidade em Brasília.
Seguir um código ético forte demanda coerência e diálogo. Exige também a única igualdade desejável de ser perseguida, a igualdade perante uma lei clara e única para todos. Precisamos amadurecer o debate, transformá-lo antes em um diálogo e refletir sobre a coerência que estamos tendo com os nossos próprios valores. No Brasil de hoje, oportunidades não faltam.