A crise do Estado brasileiro não é nova. O caminho que nos trouxe ao ponto que vivemos não poderia ter nos levado a qualquer outro. Era inexorável. Perdemos chances e mais chances de reformar a máquina estatal, reduzindo-a e limitando-a a um custo minimamente razoável. As soluções mágicas acabaram e a conta chegou com mais força à população.
Serviços básicos são oferecidos precariamente, mantidos com recursos minguados, enquanto o grosso da arrecadação perde-se na própria estrutura burocrática, em uma espécie de taxa de administração perversa. O problema, claro, não é de hoje. Acumula décadas de irresponsabilidade, mas a realidade impõe a necessidade de pensar-se agora na solução.
Em síntese, são duas as saídas possíveis. Podemos admitir que o que foi prometido não pode ser entregue, que a carga tributária empobrece a população e que o Estado precisa limitar seu tamanho. Por esse caminho, o custo dos governos para cada cidadão será reduzido, ineficiências serão atacadas, privatizações serão postas em curso para gerar caixa para o Estado e prestar melhores serviços e, ainda, criaremos um ambiente melhor para novos negócios surgirem. Esse é o duro caminho de enfrentar muitos anos de inércia e mudar o país de verdade.
A outra opção é voltar-se para uma população já fragilizada pela alta carga tributária existente. Criar formas de aumentar a arrecadação, com novos tributos ou versões renovadas dos velhos. É insistirmos para seguir em frente no mesmo caminho que vínhamos trilhando, apoiando-nos em medidas populistas que beneficiem segmentos da população para amealhar apoio e fazer pesar a conta em outros, confiando que a retórica será suficiente para suplantar a realidade.
Mais tributos não aliviarão o medo das pessoas de andar nas ruas ou melhorarão a qualidade da educação fundamental. Mais tributos não significarão um lugar melhor ou mais justo para viver amanhã. Mais tributos, na verdade, serão menos. Menos dias que um cidadão trabalha para si. Menos recursos à disposição de cada um para atender as suas necessidades ou realizar os seus sonhos. Os R$ 284 milhões a mais cobrados pela prefeitura serão R$ 284 milhões a menos para a sociedade. Mais, então, será menos.