As entidades que representam empresários criticaram o aumento de tributos sobre os combustíveis, decretado nesta quinta-feira (20) pelo governo federal. Por meio de notas oficiais, a Confederação Nacional da Indústria (CNI), a Federação das Indústrias do Estado do Rio de Janeiro (Firjan) e do Estado de São Paulo (Fiesp) informaram que a medida atrasará a recuperação da economia e que o governo deveria ter buscado outras formas de equilibrar as contas públicas e garantir o cumprimento da meta fiscal para este ano. De acordo com estimativa do próprio governo, a elevação dos tributos representará alta de R$ 0,41 no litro de gasolina e de R$ 0,21 no de óleo diesel.
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O presidente da Federação das Indústrias do Estado de São Paulo (Fiesp), Paulo Skaf, manifestou indignação com a medida e comentou que a elevação da carga tributária vai agravar a crise num momento em que a economia dá sinais de recuperação:
"Nesta semana, ficamos indignados com o anúncio da alta de impostos sobre os combustíveis", afirmou Skaf.
Com questionamentos direcionados ao ministro da Fazenda, Henrique Meirelles, o conteúdo da nota poupa de críticas o presidente Michel Temer (PMDB), aliado de Skaf.
"Ministro, aumentar imposto não vai resolver a crise; pelo contrário, irá agravá-la bem no momento em que a atividade econômica já dá sinais de retomada, com impactos positivos na arrecadação em junho", assinala o presidente da Fiesp.
A Fiesp tem uma campanha contra alta dos impostos que ficou marcada pela instalação de um pato inflável gigante em frente à sede da entidade na Avenida Paulista, inclusive durante os protestos pelo impeachment da ex-presidente Dilma Rousseff (PT). Nesta quinta, após a confirmação de que o governo Temer vai aumentar imposto na tentativa de reduzir o rombo das contas públicas, Skaf disse que a entidade patronal mantém suas bandeiras, "independentemente de governos".
"Somos contra o aumento de impostos porque acreditamos que isso é prejudicial para o conjunto da sociedade. Não cansaremos de repetir: Chega de Pagar o Pato. Diga não ao aumento de impostos! Ontem, hoje e sempre."
CNI
A CNI – que apoia a agenda de reformas do governo Temer – critica a decisão com a lembrança de que a carga tributária brasileira já está próxima a 33% do Produto Interno Bruto (PIB) e é a mais alta entre economias emergentes. A nota lembra ainda que o fim de algumas desonerações de impostos fez, na prática, com que a carga tributária da indústria já tivesse subido previamente nos últimos meses.
A Confederação defende que o "equilíbrio das contas públicas deve ser perseguido pela contenção dos gastos e não pelo aumento dos impostos". "Essa é uma tarefa de todos, do governo, do Congresso e da sociedade", cita o presidente da entidade, Robson de Andrade.
Firjan
No mesmo tom, o Sistema Firjan defendeu em nota que "a saída para a crise fiscal não passa por mais aumento de impostos, mas na adequação dos gastos públicos ao novo cenário econômico e na urgência da aprovação da reforma da Previdência", disse em nota.
A entidade destacou que no estado do Rio de Janeiro será atingido um novo recorde de fechamento de empresas em 2017 e que não é o momento de onerar o custo do transporte e da produção para as indústrias. Para a Firjan, o aumento de tributos pode resultar em queda "e não em aumento da arrecadação, simplesmente porque o próprio fisco está expulsando os contribuintes da base de arrecadação tributária".
*Estadão Conteúdo e Agência Brasil