*Vice-presidente da Associação Gaúcha das Empresas Florestais (Ageflor)
A economia gaúcha está baseada no agronegócio e nas cadeias e arranjos produtivos transversais dele decorrentes e que implicam na movimentação de grandes volumes, estocagem e exportação. Embora a competitividade deste setor tenha apresentado uma imensa evolução tecnológica dentro das propriedades, esta acaba penalizada pelas infraestruturas públicas. O crescente custo da logística chega a quase 25% do PIB gaúcho (nos EUA, fica em 8,5% e, em países referencias, está na faixa de 6 %).
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As soluções de logística não exploram eficientemente a intermodalidade. No RS, o transporte rodoviário corresponde a 90% da movimentação de cargas, com estradas sem pavimentação ou não duplicadas que oneram em 30% o valor da mercadoria transportada. Já o modal ferroviário é o mais defasado dentro da plataforma logística disponível graças a um modelo de privatização desqualificado.
Temos, ainda, o amplo potencial das hidrovias que, para ser desenvolvido, requer agilidade nos processos de licenciamento de terminais, retroáreas e dragagens para formar e manter os calados necessários. O porto de Rio Grande é fundamental para o nosso Estado, pois representa a porta de saída para a economia globalizada. Sua gestão operacional é reconhecida nacionalmente como qualificada e diferenciada entre os portos públicos, apesar de enfrentar a letargia da burocracia e a desatenção nacional.
Como enfrentar esta situação? Atacando o corporativismo burocrático que trava o Brasil e reduz o retorno dos investimentos públicos, o que só se faz com o enfrentamento objetivo e radical visando ao desenvolvimento do país. O porto tem sofrido com a burocracia para disponibilizar recursos e para licitar, questionamentos jurídicos sobre o serviço ou sobre a obra contratada e, ainda, o processo de licenciamento ambiental do Ibama descomprometido com prazos e prioridades, pois procrastina demandas infindáveis de estudos, na maioria das vezes improdutivos e inconclusivos. Um exemplo são as dragagens de manutenção que, pela demora, têm diminuído o calado disponível e, com isso, reduzido a carga embarcada e aumentado ainda mais o custo da logística.
Desenvolver o RS significa desenvolver a competitividade do agronegócio e enfrentar a burocracia e o ambientalismo desproporcionado por meio de vontade política para fazer mudanças supracorporativas que agilizem os processos internos da imensa máquina pública. Aperfeiçoar e desenvolver as plataformas logísticas são, talvez, as maiores oportunidades para otimizar a economia gaúcha.