A indignação e solidariedade geradas pela agressão de um policial militar à fotógrafa de Zero Hora Isadora Neumann durante cobertura de manifestação diante do Centro Cultural Santander são um sinal inequívoco de que, quando se trata de preservar a liberdade de imprensa e a integridade de jornalistas, não pode haver tergiversação da sociedade e das autoridades.
Sem que houvesse qualquer ameaça ou empecilho à atuação da BM, a fotógrafa foi atingida no rosto por uma carga direta de gás de pimenta. Nesse momento, como se pode constatar pelo vídeo que a fotógrafa, profissional exemplar, registrou, não só ela foi agredida: o olhar do público também foi brutalmente ferido.
A violência descabida deve ser condenada em todas as circunstâncias. Mas no caso de jornalistas em atividade há um agravante em particular. Quando um profissional é silenciado, seu testemunho é subtraído da sociedade, que fica desorientada sobre o que se passa nas ruas.
Assim, a condenação generalizada por entidades de defesa da imprensa deve ser compreendida como um alerta para a manutenção da vigilância da sociedade sobre abusos de entes públicos. Nesse sentido, deve ser saudada a pronta reação do comando da BM, que determinou a abertura de sindicância para apurar o caso. Agora, além da apuração rigorosa para avaliar as medidas disciplinares cabíveis, seria recomendável ainda que houvesse um aperfeiçoamento no treinamento dos policiais, de modo que episódios do gênero não venham mais a ocorrer, colocando o Rio Grande do Sul no triste mapa mundial da violência e abuso contra jornalistas.