* Professor de Filosofia
A medida nem tanto surpreendente da presidente do Superior Tribunal Federal (STF) Carmem Lúcia de proporcionar à sociedade maior transparência quando permite o acesso aos gastos sobre os salários e benefícios dos ministros e servidores do Supremo, pode até ser louvável, porém, de certa forma, um tanto irrelevante, já que rever tais salários ainda não fazem parte do pensamento da Suprema Corte.
Por outro lado, seria curioso saber o que esta sociedade diria se soubesse que o judiciário brasileiro, além de ser o mais caro do mundo é o menos eficiente. No fundo, ninguém está interessado em ter acesso aos contracheques de ministros, juízes, promotores e servidores da justiça, mas sim, se um dia, esses valores serão realinhados dentro da realidade socioeconômica do país.
Segundo dados obtidos pelo Centro de Estudos de Justiça das Américas (CEJA), enquanto as despesas com o judiciário nos países da Europa custam até 0,40 do PIB, no Brasil o índice alcançou 1,4%. Outro fato desanimador é o baixo número de juízes brasileiros em relação aos países com menor população. Na Alemanha, por exemplo, a diferença chega a 17% a mais para cada 100 mil habitantes.
Para um judiciário com um custo-benefício que não condiz com seu desempenho de suas demandas, acrescidos pela ineficiência e lentidão nos trâmites processuais, não resta muito a não ser aguardar o dia em que uma reforma também bata às suas portas com o propósito de equilibrar essas despesas, das quais vão muito além da imaginação. Fato inusitado, porém necessário para a reorganização de uma nação devastada por rombos e desvios de verbas públicas.
Contudo, no que tange as funções do Poder Judiciário, entre elas, o de garantir os direitos sociais, coletivos, individuais e solucionar conflitos entre cidadãos, entidades e estado, percebe-se o quanto os resultados dessas ações são relevantes para que o bem-estar geral seja viabilizado, representado por um organismo público com uma posição implacável e eficiente.
Indubitavelmente, tal postura geraria o início de uma mudança cultural, pois seria a partir desse ponto que a sociedade poderia adquirir a consciência necessária para forjar novos pensamentos e, consequentemente, outros comportamentos.