As comemorações de 20 de setembro podem ser uma boa ocasião para pensar no futuro do nosso Estado. Na minha opinião, se gasta energia demais louvando um passado que não existe mais. Olhamos demasiadamente pelo espelho retrovisor e pouco para o futuro. Não se pode descartar o passado. As identidades são forjadas no passado e trazem o espírito de pertencimento.
É importante ver o que fizemos certo lá atrás, reconhecer os erros e se inspirar nos acertos. Mas ter o passado apenas como referência. Bacana reverenciar os ancestrais, a cultura, as tradições, as conquistas. Mas tudo isso, que serviu para nos trazer até aqui, não vai nos levar a um futuro melhor.
O que temos a comemorar hoje? Parcelamento de salários, criminalidade alta, falta de investimentos, estradas ruins, burocracia pesada, privilégios públicos, desemprego em alta, fuga de talentos, falta de mentalidade empreendedora. Quase todos os nossos indicadores estão abaixo do que já fomos. Há anos discutimos as mesmas pautas e nada se resolve. Só pioramos.
Cadê o nosso projeto de futuro? Onde estão as universidades, os intelectuais, as entidades empresariais, o poder público? Qual coletivo vai articular uma discussão que construa e implemente o futuro? Quem vai sincronizar passado com o futuro? Quem tem capacidade moral, intelectual, política para fazer a articulação necessária?
Se nossa maior façanha foi lutarmos contra o Império, qual a façanha de hoje? Poderia ser de voltarmos a liderar em educação, sermos exemplo de segurança pública ou líderes em inovação e desigualdade baixa.
Tanta coisa pode nos remeter ao futuro! E tanta ênfase no passado. Triste!