* Deputada, líder da bancada do PT na Assembleia Legislativa do RS
A pouco mais de um ano do fim do seu mandato, todas as medidas do governo Sartori reforçam um discurso recessivo. Sob o escudo de um inflado déficit nas finanças, estabeleceu uma narrativa dogmática de que o Estado é inchado e os servidores públicos recebem supersalários.
O colapso programado dos serviços públicos criou um ambiente de injustiças e criminalização, perfeito para Sartori esconder seu verdadeiro projeto político. A paralisia intencional foi utilizada para colocar a população contra o funcionalismo e fazer crer que os problemas do Estado são de responsabilidade deles.
Uma estratégia que impede o governo de considerar qualquer outra solução que não envolva a venda de patrimônio ou liberação de orçamento público à iniciativa privada. Por isso a indústria naval gaúcha foi extinta por Temer, sem que Sartori levantasse um dedo para resistir. Por essa razão, ele também não se moveu para recuperar os R$ 45 bilhões em créditos da Lei Kandir.
Refém de seu próprio projeto ideológico, Sartori chega ao cúmulo de defender a venda das estatais de energia, lucrativas e estratégicas, abrindo mão, não só de receitas, mas de um importante ativo do Estado para atrair investimentos. Nem mesmo a alteração do indexador da dívida pública, resultado da renegociação feita pelo governo Tarso, para reduzir os juros, foi aplicada. Uma postura claramente ideológica, de quem coloca o antagonismo político acima dos interesses da coletividade.
Sartori aposta no Regime de Recuperação Fiscal de Temer, medida que vai comprometer ainda mais o desenvolvimento do Estado, com a suspensão do pagamento da dívida por três anos acrescentando até R$ 30 bilhões ao montante do débito com a União. Ao final de seus quatro anos, teremos um Estado com dívida pública maior, sem autonomia administrativa e com patrimônio e ativos reduzidos.
O governo diz que está vendendo o futuro para pagar o passado. Mas, depois de quatro anos de Sartori, não haverá futuro e, talvez, somente daqui a 30 anos possamos recuperar as finanças e ter de novo um projeto de desenvolvimento econômico no RS.