* Socióloga e especialista em segurança cidadã
A América Latina concentra 40% dos homicídios que ocorrem no mundo, enquanto apenas 8% da população mundial vive na região. Todos os anos 144 mil pessoas são assassinadas. Essa realidade demanda respostas articuladas, pois há vidas e esperanças dilaceradas atrás desses números, o que significa, hoje, um impacto direto em um terço da população brasileira acima de 16 anos!
Porto Alegre sediará no dia 22 de agosto o lançamento da Campanha Instinto de Vida com a presença de autoridades da segurança pública em nível estadual, prefeitos e pesquisadores da área. Ao contribuir para colocar o tema na agenda pública gaúcha, as entidades não-governamentais brasileiras e as de outros seis países envolvidos na aliança esperam colaborar com a meta global de redução de 50% dos homicídios em 10 anos na Região, o que significa salvar 365 mil pessoas.
No Brasil, a intenção é sair de 60 mil para 30 mil homicídios anualmente. E, para atingir de forma relativa uma taxa de 15 vítimas de homicídios por 100 mil habitantes, patamar semelhante ao da década de 80, há que se trabalhar desta outra forma: integrada, estratégica e com os municípios. Perto das pessoas!
De 1980 para os dias atuais, houve um aumento de mais de 1000% no encarceramento e de 300% na criminalidade. Prendemos muito e mal. Porém, as 27 transferências recentes de presos líderes de facções criminosas gaúchas do RS para presídios federais apresentam chances de redução dos crimes violentos – porque são prisões qualificadas. Entretanto, não se deve acreditar que apenas a repressão será capaz de garantir a efetividade na redução dos delitos. É fundamental focar na prevenção às violências.
Promover uma formação aprofundada para gestores públicos sobre a temática, com compromisso de todos, é o adubo que o Estado precisa para germinar a segurança cidadã no solo dos pampas empobrecido pelas polarizações que tem nos levado do nada ao lugar de vítimas do medo e da dor.