* Professor, consultor
Na última semana participei do CEO Fórum da Amcham, em Porto Alegre. Um dos palestrantes foi Gustavo Franco, que é economista, foi presidente do Banco Central e participou da equipe de criação do Plano Real. Na sua fala, que durou em torno de 40 minutos, ele apresentou a história econômica de nosso país, desde 1942, até o momento atual.
Uma visão realista e assustadora, mas ao mesmo tempo otimista. Mas o que quero ressaltar aqui não é a história em si, mas o fato apresentado por ele de que o "fracasso" na política monetária implementada pelo último governo em nosso país, custou alguns trilhões de dólares de prejuízo.
Outro palestrante do evento foi o atual presidente da holding Azul, José Caprioli. Ele contou a história do surgimento da empresa, suas lições aprendidas e as características de um negócio que é caracterizado por alto nível de investimento e uma margem muito pequena. Nas palavras dele: "Errar não é uma opção, buscamos erro zero". O custo da falha para um negócio com margem tão baixa pode ser fatal.
Gostaria de contrapor estas duas histórias com a afirmação atribuída a Elon Musk, cofundador do PayPal: "Falhar é uma opção aqui, se as coisas não estão falhando, você não está inovando o suficiente" (tradução livre).
Em qualquer visita ao Vale do Silício, você vai encontrar várias frases como estas: Falhe rápido, falhe frequentemente / Se você nunca falhou, você nunca tentou algo novo. Já existem até cursos, treinamentos e workshops que ensinam como falhar.
Mas afinal, é isso mesmo? O fracasso então é o único caminho para o sucesso?
Não, certamente que não.
Temos que cuidar com as histórias únicas, com as receitas prontas, com as soluções mágicas. É óbvio estamos vivendo em um mundo que eu chamo de "beta" – conceito muito difundido no mundo da Tecnologia da Informação, onde sempre estaremos testando novas versões de nós mesmos, de nossos produtos, de nossas empresas.
A velocidade acelerada da mudança não nos permite mais esperarmos um longo tempo para colocar nossas ideias em prática. Temos que ir experimentando e aprendendo continuamente, mas isto não quer dizer que devemos, necessariamente, fracassar.