A abertura, a partir de hoje, das inscrições de interessados no Fundo de Financiamento Estudantil (Fies) para o segundo semestre volta a chamar a atenção para a importância desse mecanismo de financiamento oficial em cursos de ensino superior oferecidos por instituições privadas. Até mesmo pelo seu caráter meritório, o programa precisa se coadunar com a exigência de maior controle sobre os gastos públicos, para que seja preservado diante da crise, sem prejudicar os milhares de alunos contemplados hoje.
Ampliado de forma descontrolada desde sua criação, muitas vezes por motivações políticas, esse instrumento esbarra hoje numa série de deformações que precisam ser corrigidas. Entre elas, estão desde o mau uso dos recursos por parte de instituições privadas até os elevados índices de inadimplência de alunos contempladas pelo programa. E foram justamente os atrasos nos desembolsos que determinaram mais uma série de mudanças, a serem implantadas a partir do próximo ano, com o objetivo de tornar o programa sustentável.
Assim como outros projetos de inclusão, a começar pelo Bolsa Família, o Fies tem objetivos nobres, entre os quais o de ampliar o acesso ao ensino de nível superior para quem não tem como arcar com o pagamento de uma instituição particular. Isso não significa que a concessão de financiamentos a juros subsidiados deva ocorrer sem um mínimo de critério, nem que os contemplados possam se descuidar dos desembolsos nos prazos acordados.
Programas na área de ensino, como o Fies, são bem-vindos, particularmente num país de tantas desigualdades sociais, desde que administrados com a seriedade necessária. Quem contribui de alguma forma para desvirtuá-los em seus objetivos acaba prejudicando todos os beneficiários, que não podem correr o risco de ficar sem essa alternativa.