Entre as rodovias federais previstas para serem concedidas no Estado, nenhuma precisa tão urgentemente de investimentos eficazes como a BR-386, por onde escoa boa parte da riqueza gaúcha. Diante da situação calamitosa da estrada, o que mais preocupa é justamente o fato de suas obras se estenderem indefinidamente, sem perspectiva de conclusão. Os gaúchos precisam se mobilizar para que essa verdadeira rodovia da morte, como é conhecida, possa ser associada apenas ao escoamento da produção e de veículos de quem se desloca pela região.
Reportagem publicada no fim de semana em Zero Hora fez um diagnóstico inquietante da estrada, que – ao lado da 101, da 290 e da 448, a Rodovia do Parque – está para ser concedida ao setor privado. Já que o processo de cobrança de pedágio é irreversível, resta torcer pelo menos para que as melhorias sejam concluídas.
No caso da 386, não é pouca coisa. A maior parte da pista ainda não foi sequer duplicada. Nos trechos em que as obras foram iniciadas, o atraso é considerável. Em boa parte da extensão, há curvas acentuadas, buracos e remendos na pista. A precariedade de acessos inferniza a vida de comunidades próximas à rodovia.
Diferentemente de outros países de dimensões igualmente continentais, o Brasil fez uma opção preferencial pelo transporte rodoviário, que é caro sob o ponto de vista da movimentação de carga e tem um alto custo de manutenção. Com a crise do setor público, o que já era ruim tornou-se insustentável. Os usuários da chamada Rodovia da Produção e de outras estradas não podem se conformar com esse quadro, que não deve mudar na velocidade necessária sem pressões articuladas e de forma permanente.