O acordo da Conferência do Clima de Paris (COP21) é agenda mundial de 195 países para reduzir o efeito estufa, apesar da oposição do presidente dos EUA, Donald Trump, ao compromisso assumido pelo seu antecessor, Barack Obama. Intensifica-se a governança mundial para o desenvolvimento da indústria de baixo carbono com compromissos assumidos por todos.
O Brasil pode se transformar no maior provedor mundial de serviços ambientais por meio da comercialização de madeira e de créditos de carbono para nações que precisam de alternativas para cumprir as metas de substituição de combustíveis não renováveis por energia verde. A madeira será primordial para essa solução e terá sua demanda triplicada até 2050, chegando a 8 bilhões de metros cúbicos anuais, o que significa 250 milhões de hectares adicionais de florestas – o equivalente à soma dos territórios de Finlândia, Alemanha, Espanha, França, Itália e Noruega. As opções de energia limpa e as florestas removem o carbono da atmosfera e o Brasil passa a ser a solução para países que não têm áreas para plantio e que irão adquirir créditos de carbono no mercado internacional. Cerca de 40 países já têm mecanismos de mercado para a comercialização de carbono, que movimentou mais de 6 bilhões de toneladas e US$ 50 bilhões em 2015.
O Brasil tem um imenso capital natural, com 62% do seu território de matas nativas, além de 7,8 milhões de hectares de plantios florestais com um estoque de 1,7 bilhão de toneladas de dióxido de carbono equivalentes. Vai exportar commodities conjugadas com superávits de carbono e serviços ambientais. Será necessário coibir o desmatamento ilegal, estimular o manejo sustentável da floresta amazônica e criar um mercado interno para os créditos de carbono, de maneira a valorar a floresta dando maiores ganhos a quem atender às boas práticas.
No mundo, 40 regiões já precificaram e operam o mercado de carbono – parte de EUA, Canadá, China, Austrália e Nova Zelândia – estimulado por benefícios a quem consome produtos com baixo carbono e taxando as indústrias que não cumprem as metas. Estas são políticas domésticas, mas com a COP21 será necessário validar o regramento do mercado mundial para 190 nações até 2020. Eis a enorme perspectiva que o Brasil tem de monetizar o seu imenso potencial de recursos naturais e riquezas ambientais. Precisamos de visão, planejamento e execução competentes para alavancar o desenvolvimento do Brasil dentro da globalização da economia verde.