* Deputada estadual, líder da bancada do PT na Assembleia Legislativa
Pela forma como o governo Sartori tenta vender a CEEE, com publicidade, desinformação e até chantagem à própria base na Assembleia Legislativa, acreditamos que há interesses não republicanos envolvidos no afã em se desfazer da estatal.
A CEEE parece ser um romance malresolvido na mão do PMDB. O ex-governador Britto, eleito para acabar com o setor público, vendeu metade da companhia. Ficaram para o Estado só dívidas e passivos trabalhistas. Quando deixou o Piratini, o Estado tinha uma dívida pública três vezes maior. Com Rigotto, uma fraude na licitação para compra de subestações deixou prejuízo de US$ 65 milhões à companhia.
Usando estratégia mais refinada, Sartori aproveitou o golpe de Estado no país para adiantar-se à agenda que usurpou a democracia. Temer foi perdendo apoio da maioria dos Estados aliados, exceto do RS, onde Sartori se transformou em uma espécie de estafeta, cumprindo à risca as determinações do chefe.
Sem apoio de parte da base no Legislativo, Sartori optou pela ofensiva na imprensa para apresentar números parciais e leituras direcionadas sobre a situação da empresa, além da Sulgás e da CRM, ambas lucrativas. Sobre a CEEE, afirmou que o Estado não vai assumir passivos trabalhistas e previdenciários, o que não é verdade. Como ocorreu com Britto, eles serão assumidos pelo Tesouro do Estado, assim como a dívida com a Fundação CEEE.
No parlamento, sem votos para aprovar as privatizações, Sartori partiu para chantagem, abusando de sua autoridade e confundindo a pauta política com interesses públicos. Numa última cartada, anunciou que vai rejeitar o socorro financeiro do próprio Estado para manter a saúde financeira da CEEE.
Sem política de desenvolvimento, Sartori impôs ao Estado um modelo de gestão autoritário, baseado na venda de patrimônio e na transferência de recursos públicos à iniciativa privada. Ao final, o déficit social e suas consequências serão mais um legado infeliz que o PMDB deixará aos gaúchos e gaúchas.