* Deputado Estadual (PT)
Dias atrás, um jornalista defendeu em seu programa de rádio que os problemas da segurança pública no Rio Grande do Sul são resultado de sistemáticas e repetidas falhas de sucessivos governos. Segundo ele, todos, de alguma forma, têm responsabilidades pelo que está acontecendo agora.
A narrativa não é nova. Em geral é usada nas estratégias de governo, que tenta, sempre, diluir sua responsabilidade específica, que é real e presente, na responsabilidade genérica, que é suposta e histórica. O episódio ganhou uma dimensão política maior porque o jornalista sustentou que as vagas que faltam nos presídios gaúchos estão relacionadas com a decisão do ex-governador Tarso Genro em demolir um pavilhão do Presídio Central de Porto Alegre.
Os dados, entretanto, demonstram outra coisa. No governo de Tarso foram criadas 3.646 novas vagas prisionais, sendo 3.014 no regime fechado e 632 no regime semiaberto. Além disso, Tarso deixou um presídio, em Canoas, praticamente pronto, faltando apenas 5% de obras para ser concluído, com 2.800 novas vagas a serem disponibilizadas. A demolição da ala do presídio Central, que pretendia iniciar a extinção de uma Casa Prisional que há anos envergonha os gaúchos, retirou 350 vagas da estrutura dos presídios. E as tirou de forma consciente, porque a decisão resultou de um acordo entre o Executivo, o Ministério Público e a Vara de Execução Criminal.
Vejam agora o que fez e não fez Sartori. Até agora, criou míseras 120 novas vagas e nada fez para concluir e entregar o Presídio de Canoas, o que poderia gerar mais 2.400 vagas para o sistema. Hoje, apenas 400 presos ocupam aquele espaço. Agora, anuncia um presídio federal e novos presídios estaduais, que, obviamente, deverão iniciar apenas no próximo governo. Nesse sentido, Sartori inova, porque consegue em um só golpe culpar o passado e responsabilizar o futuro pelo que não faz em seu governo.
Seria risível se não fosse trágico. Nos dois primeiros anos do governo Sartori, os indicadores criminais dispararam. Apenas em Porto Alegre, os homicídios pularam de 531, em 2014 (último ano do governo anterior) para 778, em 2016. Vai passar!